top of page
Foto do escritorDa Chic Thief

Entrevista #108 TICIANO ROTTENSTEIN (BRASIL)

Atualizado: 17 de mai.

PT

Conheci Ticiano Rottenstein no dia aberto do Armazém 56 – Arte Sx, espaço da Câmara Municipal do Seixal dedicado às artes visuais contemporâneas.


O artista franco-brasileiro, residente no concelho, realiza uma pesquisa artística na qual analisa o processo de arruinamento e de decadência da sociedade contemporânea.



Com um mestrado da Escola de Belas Artes da Universidade de Lisboa e a frequentar um doutoramento, espalhou diversos monólitos em madeira nas marginais envolventes da Baía do Seixal.



Fã do urbex, é nos locais e edifícios abandonados que Ticiano gosta de recolher a matéria-prima para as suas peças.


Durante a troca de impressões para esta entrevista, tive oportunidade de explorar com o artista alguns dos abandonados mais conhecidos de Almada e Seixal.



Antes de mais, fala-nos um pouco sobre ti.


Ticiano Rottenstein, nascido na floresta amazônica brasileira em 1981. Sou artista visual, franco-brasileiro e moro no Seixal, Portugal, há 4 anos.


Sentes que o teu gosto pelas artes foi condicionado pelo teu ambiente familiar?


Sim e não. Meus pais são artistas plásticos e cresci dentro deste universo no Brasil, mas quando jovem o meu foco era jogar basquete e não queria muito saber de arte.


Somente no início dos anos 2000, quando fui morar sozinho na França, que comecei a fazer minhas primeiras experiências artísticas. Foi um caminho sem volta…



Quando é que decidiste largar de vez o desporto e enveredar pela arte?


Trabalhei como gestor esportivo durante 10 anos e, nesse período, o meu tempo livre era destinado à produção artística. Chegou um momento em que percebi que todo o meu foco, energia e dedicação estava voltado à arte e que já tinha perdido todo o interesse pela minha antiga profissão.


Nunca me esquecerei do ano de 2013, quando decidi largar a estabilidade financeira e profissional como gestor esportivo e me dedicar a 100% ao que eu realmente amo: a arte.


Também tiveste uma passagem pelo graffiti?


Sim e continuo tendo.


Desde muito pequeno era apaixonado por pixação. Minhas primeiras lembranças de infância são as pixações do final dos anos 80, na cidade de Belo Horizonte, Brasil. O que eu mais gostava, naquela época, era de circular pela cidade e ficar decifrando aqueles “rabiscos” nas paredes.


Fiz os meus primeiros pixos em 1992. Era moleque e não levava aquilo a sério, mas ia fazendo de vez em quando, sem grandes pretensões. Na época, não havia um intuito artístico no que eu fazia, era mais guiado pelas sensações de transgressão e de adrenalina. Mas como eu disse, não fazia aquilo de uma forma regular e sistemática, pois tinha o basquete como principal foco de interesse. Quando eu tinha um spray ia pixar, mas se não tivesse também estava tudo bem e assim foi durante uma década.


O vício me pegou mesmo quando comecei a fazer graffiti na França, em 2003. Essa experiência me deixou louco e fui mergulhando cada vez mais de cabeça, até chegar um momento em que eu só queria fazer aquilo. Já fiz de tudo no graffiti, mas prefiro não falar muito sobre isso, pois o graffiti para mim é vandal e ilegal… quanto mais discreto eu for melhor…


Entretanto, desde que minha filha nasceu há 3 anos atrás, eu diminuí o ritmo e também evito fazer loucuras. Hoje em dia, foco mais na produção em atelier e em intervenções urbanas utilizando outras linguagens que não sejam o graffiti. Sabe como é, novas fases e objetivos na vida… mas o graffiti está no meu sangue e espero sempre continuar fazendo.



Já residiste em diversos países? Onde te sentiste mais inspirado e qual foi o sítio mais incrível onde “deixaste” a tua arte?


Sim, morei em diversos países e cidades no Brasil, Alemanha, Espanha, França, Portugal e Gâmbia. Passei metade da minha vida migrando em busca de novas culturas e conhecimentos. Espero que continue sendo assim…


É difícil falar qual o sítio que mais me inspirou, pois cada um deles me influenciou de uma maneira singular e essas vivências e experiências contribuíram para formar a pessoa e o artista que sou hoje.


Por exemplo, morei durante 4 anos em Berlim e fui extremamente impactado pela sua efervescência cultural e artística, assim como pela forte cena do graffiti local. Também não posso deixar de citar os 2 anos vividos na Gâmbia, onde tive um choque cultural enorme e que me abriu a cabeça para muita coisa. Foi, sem dúvida, um período marcante de experiências e sensações.


Com que material preferes trabalhar?


Já passei por várias fases, usando diversas técnicas e linguagens através do graffiti, pintura mural, pintura em tela, gravura, cerâmica, entre outros. Atualmente, trabalho com esculturas, assemblages, instalações e performances. A minha matéria-prima favorita, no momento, são os descartes e os refugos que encontro no meu entorno.



Como é o teu processo criativo e onde vais buscar as inspirações para as tuas obras?


Meu processo criativo e minhas inspirações variam em função do momento e do contexto em que estou vivendo. Busco inspiração no meu quotidiano, nas minhas vivências e no mundo que me cerca. Uso a arte como instrumento para externar os meus sentimentos e as minhas emoções e para abordar problemáticas que julgo serem relevantes.


Com recuo e fazendo uma análise da minha trajetória, devo dizer que, desde os meus primórdios no graffiti, sempre tive uma relação muito forte com o arruinamento urbano. Inicialmente, usava as ruínas como locais de treino para aprimorar o meu graffiti, mas essa convivência foi se transformando em algo mais profundo e poético. Atualmente, grande parte do meu trabalho se impregna e se inspira neste cenário de arruinamento e de abandono.


O que te atrai na decadência dos abandonados?


Comecei a explorar locais abandonados em 2004, quando morei em Alicante, na Espanha. Como estava ainda começando no graffiti, eram lugares ideais para treinar sem ser incomodado. Em 2005, quando me mudei para Berlim, fiquei em choque com a fartura de fábricas e outros locais abandonados. A partir daí, comecei a me interessar cada vez mais por estes espaços, não somente para fazer graffiti, mas também para explorar esse universo. Nesse sentido, me sinto muito feliz morando na Margem Sul, que é um paraíso de sítios abandonados.


Adoro a atmosfera e a energia que estes locais possuem. São ambientes sombrios e nostálgicos, carregados de memórias e mistérios. Algumas pessoas só vêem decadência e repulsa, mas eu só consigo enxergar beleza e poesia. Me sinto muito confortável e em total sinergia com estes ambientes. Dentro deles, me sinto pleno e em harmonia. São, sem sombra de dúvida, uma das minhas maiores fontes de inspiração para a criação artística.



Também és um homem de causas, Queres falar um pouco sobre o teu projeto “Arrenda-se T0”?


Todos nós sabemos da grave crise habitacional que vive Portugal. A situação está péssima e o futuro apresenta-se como nefasto. Me sinto muito incomodado com esta situação, pois esta crise me toca diretamente, as pessoas do meu entorno e a sociedade em geral. Decidi que tinha que fazer algo e manifestar a minha indignação. A única ferramenta que tenho para isso é a arte e foi através dessa potente ferramenta que criei a instalação / performance “Arrenda-se T0”.


Construí uma casa T0 com portas, janelas e madeira provenientes de resíduos industriais e mobiliário coletado nos lixos. A proposta da performance era de instalar a casa T0 em espaços públicos de Lisboa e, durante as apresentações, incorporar um agente imobiliário, fundador da Rottenstein Real State. Este agente estaria ali lançando um novo empreendimento de luxo e a ideia era de abordar o público passante, tentando apresentar e arrendar esse novo T0 totalmente “remodelado e mobilado”, pelo módico preço de 1.800 Euros.


Já havia construído este trabalho há alguns meses, mas estava esperando a ocasião ideal para colocá-lo na rua. E essa oportunidade aconteceu quando ocorreram as grandes manifestações contra a crise habitacional no final de setembro. Durante dois dias, apresentei a performance na Alameda da Universidade, em frente da sua reitoria, e na Praça do Rossio.


Em termos artísticos, foi um dos momentos mais emocionantes e impactantes da minha carreira. Compartilhar aquele momento com milhares de pessoas que estavam ali, unidas pela mesma causa, foi algo indescritível. Percebi, naquele momento, a potência que a minha arte pode atingir e o impacto que ela pode trazer nas pessoas. A arte, quando bem utilizada, pode ser uma poderosa ferramenta para a transformação de consciências individuais e coletivas. É por este caminho que pretendo seguir no futuro.


O que toca na tua playlist nos momentos de criação?


Depende do momento, sobretudo música eletrônica, reggae e música popular brasileira.



Qual é a tua obra preferida?


Não saberia te dizer… Cada uma tem o seu valor, mas, como sou muito crítico comigo mesmo, acabo não gostando de quase nada do que faço (risos).


Digamos que esteticamente e conceptualmente, gostei muito dos dois últimos trabalhos que fiz: “Cromeleque Pós-Industrial” e “Arrenda-se T0”.


Quantas exposições já fizeste? Quando vai ser a próxima?


Já participei de diversas exposições individuais e coletivas, festivais de artes, feiras e residências artísticas no Brasil, França, Alemanha e Portugal.


Não sei quando será a próxima. Não tenho nada previsto no momento, mas estou aberto a novas oportunidades.



Como classificas o panorama atual da arte em Portugal?


Eu gosto bastante. Apesar de ser um país pequeno e com uma população reduzida, há muitos bons artistas e uma cena movimentada.

Qual é o teu top 3 de artistas portugueses?


Gosto de vários, mas não tenho um top 3 português definido.



E de artistas estrangeiros?


Isso varia muito em função de épocas. Já tive diversas influências, mas no momento diria Anselm Kiefer, Berlinde de Bruyckere e Arthur Bispo do Rosário.


Com que artista gostarias de fazer uma peça conjunta?


É uma pergunta difícil, estou aberto a parcerias com pessoas que estão na mesma vibe que a minha e com quem sinto uma conexão artística e afetiva. Se fosse para citar um nome português, eu diria talvez o Vhils. Penso que poderia resultar em um interessante diálogo entre os nossos trabalhos.



Tencionas continuar por Portugal quando terminar a tua residência no Armazém 56 – Arte Sx?


O Armazém 56 é um espaço de residência artística gerido pela Câmara Municipal do Seixal. Os artistas são selecionados através de concurso para um período de residência de aproximadamente um ano. A residência de 2023 encerrou em outubro e no momento estou sem um atelier. Espero poder passar no concurso para a residência de 2024 e prosseguir trabalhando no Armazém 56, pois é um lugar em que realmente me sinto em casa e feliz.


Independente disso, minha missão não acabou em Portugal. Estou fazendo um doutoramento e ainda faltam 3 anos por aqui. Depois disso, vou deixar a vida me levar.


Quais são os teus planos / projetos futuros?


Continuar fazendo o que eu gosto, isto é produzindo muita arte. Pretendo, para 2024, focar na produção de esculturas e intervenções públicas. Atualmente, sinto a necessidade de estar atuando mais nas ruas e espalhando minha arte em locais inusitados. Este é o meu plano, mas tudo pode mudar… o futuro é uma incógnita…



Tens alguma história que queiras partilhar?


Tenho milhares, sobretudo no graffiti: missões insólitas, prisões, amizades, fugas, conquistas, tiros, violência, euforias, lesões… mas vou deixar para uma próxima entrevista.


Cumprimentos / agradecimentos?


Queria mandar um salve para todos os meus parceiros do graffiti em Portugal e no Brasil. Não vou citar nomes, vocês sabem quem são.


Um salve também para a minha família querida e para os meus amigos espalhados pelo mundo que fizeram ou fazem parte da minha vida.


Um salve especial para você pelo convite e gostaria de te dar os parabéns pelo empenho e pela dedicação em documentar o universo artístico e do graffiti em Portugal.


Fotografias / Photos: Ticiano Rottenstein


ENG

I met Ticiano Rottenstein at the open day of Armazém 56 – Arte Sx, a space at Seixal City Council dedicated to contemporary visual arts.


The French-Brazilian artist, resident in the municipality, carries out artistic research in which he analyzes the process of ruin and decadence of contemporary society.


With a master's degree from the School of Fine Arts of the University of Lisbon and studying for a doctorate, he spread several wooden monoliths on the banks surrounding Seixal Bay.


A fan of urbex, it is in abandoned places and buildings that Ticiano likes to collect the raw materials for his pieces.


During the exchange of information for this interview, I had the opportunity to explore some of the best-known abandoned sites in Almada and Seixal with the artist.


First of all, tell us a little about yourself.


Ticiano Rottenstein, born in the Brazilian Amazon rainforest in 1981. I am a visual artist, French-Brazilian and have lived in Seixal, Portugal, for 4 years.


Do you feel that your taste for the arts was conditioned by your family environment?


Yes and no. My parents are visual artists and I grew up in this universe in Brazil, but when I was young my focus was playing basketball and I didn't really care about art. It was only in the early 2000s, when I went to live alone in France, that I began to make my first artistic experiences. It was a path of no return…


When did you decide to give up sport for good and pursue art?


I worked as a sports manager for 10 years and, during that period, my free time was dedicated to artistic production. There came a time when I realized that all my focus, energy and dedication was focused on art and that I had already lost all interest in my old profession. I will never forget the year 2013, when I decided to give up my financial and professional stability as a sports manager and dedicate myself 100% to what I really love: art.


Did you also experience graffiti?


Yes and I still do.


Since I was very young, I was passionate about pixação. My first childhood memories are of graffiti from the late 80s, in the city of Belo Horizonte, Brazil. What I liked most, at that time, was traveling around the city and deciphering those “scribbles” on the walls.


I made my first pixos in 1992. I was a kid and didn't take it seriously, but I did it from time to time, without any great pretensions. At the time, there was no artistic intention in what I did, I was more guided by feelings of transgression and adrenaline. But like I said, I didn't do it in a regular and systematic way, as basketball was my main focus of interest. When I had a spray bottle I would paint it, but if I didn't have it it was fine and that was the case for a decade.


The addiction really caught up with me when I started doing graffiti in France, in 2003. This experience drove me crazy and I started diving deeper and deeper, until a moment came when I just wanted to do it. I've done everything in graffiti, but I prefer not to talk too much about it, because graffiti for me is vandal and illegal... the more discreet I am the better...


However, since my daughter was born 3 years ago, I have slowed down and also avoided doing crazy things. Nowadays, I focus more on studio production and urban interventions using languages ​​other than graffiti. You know how it is, new phases and goals in life... but graffiti is in my blood and I always hope to continue doing it.


Have you lived in different countries? Where did you feel most inspired and what was the most incredible place where you “left” your art?


Yes, I lived in several countries and cities in Brazil, Germany, Spain, France, Portugal and Gambia. I spent half my life migrating in search of new cultures and knowledge. I hope it continues to be like this…


It's difficult to say which place inspired me the most, as each one of them influenced me in a unique way and these experiences contributed to forming the person and artist I am today. For example, I lived in Berlin for 4 years and was extremely impacted by its cultural and artistic effervescence, as well as the strong local graffiti scene. I also cannot fail to mention the 2 years I lived in Gambia, where I had a huge cultural shock and which opened my mind to a lot of things. It was, without a doubt, a remarkable period of experiences and sensations.


What material do you prefer to work with?


I have gone through several phases, using different techniques and languages ​​through graffiti, mural painting, painting on canvas, engraving, ceramics, among others. Currently, I work with sculptures, assemblages, installations and performances. My favorite raw material at the moment is the discards and scraps I find in my surroundings.


What is your creative process like and where do you get inspiration for your works?


My creative process and inspirations vary depending on the moment and context in which I am living. I seek inspiration in my daily life, my experiences and the world around me. I use art as a tool to express my feelings and emotions and to address issues that I believe are relevant. Taking a step back and analyzing my trajectory, I must say that, since my beginnings in graffiti, I have always had a very strong relationship with urban ruin. Initially, I used the ruins as training areas to improve my graffiti, but this coexistence was transformed into something deeper and more poetic. Currently, much of my work is permeated and inspired by this scenario of ruin and abandonment.

What attracts you to the decay of the abandoned?


I started exploring abandoned places in 2004, when I lived in Alicante, Spain. As I was still starting out in graffiti, they were ideal places to train without being disturbed. In 2005, when I moved to Berlin, I was shocked by the abundance of abandoned factories and other places. From then on, I started to become more and more interested in these spaces, not only to do graffiti, but also to explore this universe. In this sense, I feel very happy living on the South Bank, which is a paradise of abandoned sites. I love the atmosphere and energy that these places have. They are dark and nostalgic environments, full of memories and mysteries. Some people only see decay and disgust, but I can only see beauty and poetry. I feel very comfortable and in total synergy with these environments. Within them, I feel full and in harmony. They are, without a shadow of a doubt, one of my greatest sources of inspiration for artistic creation.


You are also a man of causes. Do you want to talk a little about your project “Rent T0”? We all know about the serious housing crisis that Portugal is experiencing. The situation is terrible and the future appears to be dire. I feel very uncomfortable with this situation, as this crisis directly affects me, the people around me and society in general. I decided I had to do something and express my indignation. The only tool I have for this is art and it was through this powerful tool that I created the installation/performance “Arrenda-se T0”. I built a T0 house with doors, windows and wood from industrial waste and furniture collected from the trash. The proposal for the performance was to install the T0 house in public spaces in Lisbon and, during the presentations, incorporate a real estate agent, founder of Rottenstein Real State. This agent would be there launching a new luxury development and the idea was to approach the passing public, trying to present and rent this new T0, completely “renovated and furnished”, for the modest price of 1,800 Euros. I had already built this work a few months ago, but I was waiting for the ideal opportunity to put it on the street. And this opportunity happened when the large demonstrations against the housing crisis took place at the end of September. For two days, I presented the performance in Alameda da Universidade, in front of its rectory, and in Praça do Rossio. In artistic terms, it was one of the most exciting and impactful moments of my career. Sharing that moment with thousands of people who were there, united for the same cause, was something indescribable. At that moment, I realized the power that my art could reach and the impact it could have on people. Art, when used well, can be a powerful tool for transforming individual and collective consciousness. This is the path I intend to follow in the future.


What plays on your playlist when you’re creating?


It depends on the moment, especially electronic music, reggae and Brazilian popular music.


What is your favorite work?


I couldn't tell you... Each one has its value, but, as I'm very critical of myself, I end up not liking almost anything I do (laughs).


Let's say that aesthetically and conceptually, I really liked the last two works I did: “Cromeleque Pós-Industrial” and “Arrenda-se T0”.


How many exhibitions have you had? When will the next one be?


I have participated in several individual and collective exhibitions, art festivals, fairs and artistic residencies in Brazil, France, Germany and Portugal.


I don't know when the next one will be. I don't have anything planned at the moment, but I'm open to new opportunities.


How would you classify the current art scene in Portugal?


I like it a lot. Despite being a small country with a small population, there are many good artists and a busy scene.


What is your top 3 Portuguese artists?


I like several, but I don't have a defined Portuguese top 3. And foreign artists? This varies greatly depending on the season. I've had several influences, but at the moment I would say Anselm Kiefer, Berlinde de Bruyckere and Arthur Bispo do Rosário.


Which artist would you like to do a joint piece with?


It's a difficult question, I'm open to partnerships with people who are on the same vibe as me and with whom I feel an artistic and emotional connection. If I were to mention a Portuguese name, I would perhaps say Vhils. I think it could result in an interesting dialogue between our work.


Do you intend to continue in Portugal when you finish your residency at Armazém 56 – Arte Sx?


Armazém 56 is an artistic residency space managed by the Seixal Municipal Council. Artists are selected through a competition for a residency period of approximately one year. The 2023 residency ended in October and I am currently without a studio. I hope to be able to pass the competition for the 2024 residency and continue working at Armazém 56, as it is a place where I really feel at home and happy.


Regardless, my mission did not end in Portugal. I'm doing a PhD and I still have 3 years to go. After that, I'll let life take me.


What are your future plans/projects?


Keep doing what I like, that is producing a lot of art. I intend, for 2024, to focus on the production of sculptures and public interventions. Currently, I feel the need to be more active on the streets and spreading my art in unusual places. This is my plan, but everything can change… the future is unknown…


Do you have a story you want to share?


I have thousands, especially in graffiti: unusual missions, arrests, friendships, escapes, conquests, gunshots, violence, euphoria, injuries... but I'll leave them for a next interview.


Greetings / thanks?


I wanted to send a shout out to all my graffiti partners in Portugal and Brazil. I won't name names, you know who you are.


A shout out also to my dear family and my friends around the world who were or are part of my life.


A special shout out to you for the invitation and I would like to congratulate you for your commitment and dedication to documenting the artistic and graffiti universe in Portugal.

105 visualizações2 comentários

Posts recentes

Ver tudo

2 Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
Guest
Jan 25

Um artista de causas, sendo a crise da habitação uma delas. O meu aplauso.

Like

Guest
Jan 21
Rated 5 out of 5 stars.

Maquina👑💫

Like
bottom of page