PT
Depois do graffiti, em 2024 interessei-me (à séria) por mais uma vertente do Hip Hop.
Foi em Almada que comecei a assistir às battles de freestyle promovidas pelos Gigantes à Margem (nas quais já tive a oportunidade de ser júri por duas vezes). É por lá que tenho apreciado as skills de Godtelex, Koyotte e Perigo (que entrevistei anteriormente), entre tantos outros.
O gosto pelas rimas ficou ainda mais forte depois de ter assistido ao vivo à Red Bull FrancaMente 2024, a convite dos Gigantes (a quem agradeço pela experiência).
Foi no "campo de batalha" almadense que nasceu a ideia para a conversa que agora vos trago. Numa troca de ideias com o Klaus, achei que, depois dos 3 MCs das batalhas, seria interessante passar para o patamar seguinte e entrevistar mais 3 rappers já com música lançada.
Feitos os convites, Dwalla, Juana na Rap e Supremo compareceram, numa tarde de Outubro, na CDC Records. Foram algumas horas de conversa repletas de perguntas, respostas, histórias, partilhas e muito humor.
Obrigado aos três pelo seu contributo para o blog.
Antes de mais. fala-nos um pouco sobre ti.
Dwalla
Dwalla, Margem Sul, everywhere, sabem como é que é, é nóis.
Juana
Juana na rap, Monte Kapta, Margem Sul, é nóis.
Supremo
Supremo CDC, 2825 Caparica, estamos aí.
Quando é que começou o teu interesse pelo rap? Passaste por mais alguma vertente do Hip Hop?
Dwalla
Em questão a passar por outra vertente sem ser o rap, não. Eu nunca tive assim contacto com nenhuma. Quando era puto tipo fazia aqueles graffitis à toa, mas não era "a cena do Hip Hop, estamos na cena do Hip Hop" era mesmo "Ya, que fixe. Tenho uma lata e vou fazer qualquer cena na parede". Pá, foi mesmo o Rap, comecei a ouvir rap aí aos meus 10 anos, com o meu primo mais velho (isso já é uma história bué repetida, né?). Ya, foi o meu primo, o meu primo era mais velho e já sabia mais cenas, já descobrira mais cenas da vida e começou-me a mostrar rap tuga, rap americano e eu, mesmo o americano que não apanhava nada, eu curtia, estás a ver? Eu quando ouvi tipo aquela sonoridade, aquela expressão toda, tipo foi sempre uma cena que eu curti. Até essa idade eu curtia tudo, eu sempre ouvi muita música, sempre cresci com muita música, e experimentei várias cenas, também toquei alguns instrumentos. Mas depois, aí aos 10 anos, foi quando me deu o flash do Rap e depois aí aos 12 foi quando eu comecei a fazer tipo mesmo letras, tipo a perceber, ya, eu também posso tentar brincar com esta cena e, mano, depois foi sempre desenvolvendo, né? Depois chego aos meus 16 anos e aí vejo "Ya, eu quero ser rapper, é isso que eu quero para a minha vida" e comecei a bulir desde aí, mano, ya.
Juana
O meu primeiro contacto com o Rap foi prái com 13 anos, ya, foi com 13 anos que eu comecei a improvisar na escola, com os meus colegas e quê.
Tipo a única vertente é mesmo o rap. Curto mesmo é de fazer rap, cantar rap, escrever rap. De resto, mais nada, ya.
Supremo
Mano, eu a dica é eu não comecei no rap, meu. Eu andava na escola da Trafaria, 2º Torrão, ya, e havia lá ensaios de grupos de afro house, kuduro e o caraças e eu sempre tive a cena, tipo eu escrevia bué as minhas letras e quê e sempre quis participar tipo de alguma maneira. Mano, ficava a ver na janelinha, até que um dia escrevi um verso, cantei, o people curtiu bué, entrei no grupo e começámos a fazer cenas. Ya, foi o primeiro contacto com a música. Depois eu só escrevia, só escrevia, só escrevia e disse "Ya, tu és rapper". E depois daí comecei a fazer Rap, batalha de rua, ya, depois filhas, subir, descer. Ya, estamos cá.
Battles de rua, continuas a fazer?
Dwalla
Ah, não. Já não faço. Apareço para assistir. E apareço para rimar, mas rimo nos intervalos, eu dou o show para o people. Não, normalmente apareço porque eu gosto, gosto de ver e apoiar a cena e também chamam-me para ser júri buéda vezes. Eu já fiz, já participei. Mas eu sempre participei muito na cena de battle de rua mas não havia ainda este conceito da roda. Tipo a gente estava na street e era mais espontâneo, "Quem é que vai rimar contra mim?", púnhamos o beat e papapa. Mano, fiz isso muito tempo e diverti-me imenso a fazer isso, estás a ver? E continuo a fazê-lo, se bem que já não tenho tanto essa cena, não temos tanto essa cena, perdeu-se uma beca, mas é sempre uma cena que eu continuo a fazer. Agora tipo esse conceito de rodas de freestyle, ya, gosto de ir ver e de apoiar mas não me enquadro mais nesse tipo de cenas.
Juana
Freestyle mesmo foi quando eu comecei mesmo na escola, aquelas brincadeiras com 13/14 anos, a dar aqueles freestyles de escola a gozar uns com os outros. Mas batalhas de freestyle nada.
Supremo
Eu comecei na cena da batalha foi na Batalha do Arco, em 2016 / 2017, aí à pala do pessoal que está comigo no estúdio (do Reau e do Baiano), os gajos tinham uma cena que era a Complexo Hip Hop, que fazia parte do Crizante e mais people. Ya, e comecei a rimar e curti da cena, mano, e rimei com pessoal fodido e depois caguei na cena durante buéda anos e depois pôs-se o Covid e não sei quê. E agora deu-me a cena de voltar a rimar, estou a curtir bué. Mano, é a cena do sangue, é o convívio com o people que eu estou a curtir bué, o ouvir rimas novas, o ouvir flows, é o networking no fundo, bro, tás a ver? E estou a curtir bué da cena. E deixa ver aí o que é que um gajo leva para casa.
Como é que surgiu o teu nome artístico?
Dwalla
Olha, vou ter que passar esta pergunta, irmão. É um sigilo. Isto é uma cena que eu quero depois explicar ao Mundo mais tarde. Prái daqui a 20 anos quero fazer um documentário e depois aproveitar para fazer uma cena tipo um projeto em que eu explico a cena. Não é nada assim tão profundo... pessoas chegadas até sabem essa história, mas para o Mundo essa história vai ter que vir mais tarde. Agora ainda é um bocado perigoso. (Isso é de artista, isso é fodido. - Supremo)
Juana
O meu... Ya, na rua chamavam-me mais era Juana G ou então Juana Gangster ou tipo assim mais quê. Epá, depois quando me juntei com o Klic Klau, o Klic Klau veio com as ideias dele a dizer "Juana G é da rua e quê. Estás na rua, né, agora vais para o rap e vais pôr Juana na Rap". Tipo, já estava mesmo a fazer rap, já tinha a minha cena séria, a lançar cenas.
Supremo
Mano, já me fodeste. Eu agora estou nas batalhas e não queria dar essa dica, ya.
Isso foi quando entrei no grupo de Afro e Kuduro, ya. Tinham todos um nome artístico e então eu também tinha que ter. E, na altura, eu era gordo, mais gordo, e então a dica era porque era o Mc (Donald´s) Supremo, estás a ver?, uma dica assim. Não é a cena que eu uso agora, tipo Supremo Motherfucker, estás a ver? Então, era Johnny Supremo, ya. Depois um gajo pôs à minha maneira, Supremo CDC. Costa da Caparica, ya, representa aí a zona. Mas era a dica do gordão (risos).
Quais é que são as tuas referências no rap?
Dwalla
Quando eu comecei a rimar... olha, digo-te mesmo, e porque os props existem para se dar, o bacano que eu ouvi que me fez dizer "Eu quero fazer isto!" foi o Dillaz. Eu era puto e o meu primo mostrou-me aquele som do "Pedras no meu sapato". Eu ouvi uns sons dessa mixtape. Ouvi esse som, na altura, ouvi esse do "Pedras no meu sapato" e eu tripei com a cena.
Depois tipo quando eu começo a abrir, a conhecer, mano, tenho muito mais referências. No rap tuga e rap crioulo, porque eu bebo bué do crioulo, também. Se for preciso, eu ouço mais rap crioulo que rap português.
Juana
Na minha carreira eu não tenho referências, faço a minha cena, o meu rap, ya. Agora no tempo em que comecei a ouvir, ouvia bué o Sebeyks, curtia bué o Sebeyks da Damaia. Tipo TWA (Primero G e Lord G), Chullage também naquele tempo, Mafia Clicka do Monte (ouvia bué Mafia Clicka), Mortex... Ya, era mais esse tipo de som... Nigga Poison também, ouvia bué Nigga Poison.
Supremo
Ya, referências, mano, assim de início: Regula, Valete, Sam, Da Weasel até... Estou aqui a pensar... Mas é isso, ya. Mano, era o que estava lá na altura... Lembrei-me de um que eu curto mesmo da atitude dele, é o Baby Dog, curto mesmo da cena.
Qual foi aquela música ou videoclip que te marcou? Aquele som que ouvias em repeat.
Dwalla
Ei, isso é buéda complicado, bro. Ei, foda-se, tinhas que me perguntar isso aí há meia hora para te responder agora. Vamos ficar aqui buéda tempo... Vai a eles enquanto eu vou pensando.
Supremo
Com 6, 7 anos ou 8, com os meus irmãos, tipo a ouvir 50 vezes seguidas, era "Vida di rua". Sabíamos mesmo aquilo de cor todos. Essa era fodida. Eu era bebé ainda e a gente tripava com aquilo em casa, quase que levávamos nos cornos.
Juana
A mim foi o som do Sebeyks "Segunda sexta-feira"..
Dwalla
Não te consigo dizer uma cena... (O Dillaz, caralho - Supremo) Ya, mano, posso dar-te essa resposta, ya, como foi mesmo esse o som que me despertou para o rap. Então, foi esse som, ya, "Pedras do meu sapato".
Juana
O som do Klic Klau "É para ti, puto". Esse também é um som fixe. Mas tipo já não foi se calhar tão no início que eu comecei a ouvir. Mas marcou.
Dwalla
Só posso dar um som? Porque agora estou-me a lembra de sons, estás a ver? Queria deixar um som do Chullage, porque foi um som que quando eu descobri esse som... é "Um G também ama". Mano, quando eu descobri esse som eu senti umas cenas no corpo tipo fodidas, estás a ver? Foi uma cena que eu identifiquei-me tipo do início ao fim com a letra. Ya, foi um som que me bateu muita forte.
Supremo
"Fim da ditadura", ya, Valete, Valete. Parece que um gajo está lá, mano. O gajo fez aquilo de uma maneira que parece que tu estás lá, mano, nos túneis e o caralho, parece que estás lá dentro. Isso é fodido.
Dwalla
"Hey" do Puto G.
E aquele concerto que vos marcou?
Dwalla
Um concerto que eu vi? Olha, digo-te mesmo que já tive muitos mas, infelizmente, um gajo não se lembra de todos, às vezes um gajo não se lembra bem... mas, irmão, digo-te mesmo um e não foi há muito tempo, que foi do Chullage, agora como Xullagi, no Festival Músicas do Mundo, foi um concerto... Bro, aquilo foi um concerto muito hardcore. Mano, eu nem curto muito frontlines e eu estava na frontline das frontlines, ali a vibrar, mano. Esquece, foi uma cena mesmo hardcore.
E quero dar um granda shout out também ao Ne Jah, vi um concerto do Ne Jah que também me arrepiou imenso, ya.
Juana
TWA no Eminente, Ya, boy, aquilo estava a rebentar, estava mesmo a abarrotar. Ya, esse concerto foi fodido. Ya, TWA no Eminente.
Supremo
Mano, eu é fodido dizer qual é que foi mesmo ao certo, mas é aqui o Sol da Caparica, bro, que eu tripo sempre. Já são 10 anos, mano, e ya é aquela dica de um gajo se ver lá em cima.
Apesar do teu estilo musical ser o rap, o que também toca na tua playlist?
Dwalla
Xi, toca buéda cenas, mano, ouço bué, ouço buéda cenas, ouço bué reggae, ouço bué kizomba... mas isso já é uma cena também já desde casa, estás a ver?, a minha mãe também ouve bué kizomba. Pá, ouço um ou outro som assim tipo mais alternativo, estás a ver? Eu gosto de música, mano, estás a ver? Se essa música me disser alguma cena tipo especial eu vou ouvi-la, não interessa o que é. Curto bué eletrónica, curto tecno, curto afro house. Música, curto música.
Juana
Reggae, curto bué de reggae sem ser o rap. Também tocam umas kizombas de vez em quando, (Umas? Estás a ser simpática Juana, diz a verdade. - Dwalla) uns funanás. Mas o rap uma pessoa também ouve, música portuguesa e o caraças. Se tiver que ouvir, uma pessoa ouve, Xutos e Pontapés e o caraças. Uma pessoa ouve um bocado de tudo. Se eu for agora ao meu telefone tu vais encontrar bué rap, reggae, kizomba, ya, e um ou outro funaná.
Supremo
Mano, eu é... é isso, mano, eu também oiço quase tudo, bro, mas se fores à minha playlist o que encontras mais é música brasileira. Bro, eu oiço funk, reggae, rap bué. Mano, eu acho que a maneira como eles falam o português é bué doce e na música é tipo do caralho, ya.
Quantos CDs ou EPs é que já lançaste e qual é o teu single preferido?
Dwalla
Respondendo ao single preferido digo-te que não há, porque para mim isto de fazer música é como crianças, bebés, não tens um filho preferido. Uma música é um produto meu, uma criação minha, não posso escolher, tipo aquele é o meu preferido. Pá, tem uns que são mais sentimentais ou que me tocam mais. Claro que uma letra sobre a minha vida ou um desabafo vai ser sempre mais especial do que eu estar só a curtir rimas, estás ver? Mas respondendo a isso, ya, não tenho um som preferido.
Lancei o meu primeiro ep o ano passado, em setembro. E em setembro deste ano (2024) fiz em formato físico. Quem quiser cds, estamos aí a payar, é só contactarem, ya, estão baratuchos.
E aproveito já para anunciar que estou a bulir num álbum para sair para o próximo ano (2025). Uma mega cena, um álbum coisa séria, mesmo. Ya, muito hardcore, fiquem só ligados.
Juana
Ya, eu tenho dois álbuns físicos, uma saiu em 2013 e o outro saiu em 2016.
Som preferido também não tenho, tenho vários que eu gosto outros que já não sinto tanto (já passou buéda anos). Mas todos os sons que uma pessoa ouve curte. Até curto mais os meus sons que estão no álbum do que os singles que eu estou a lançar.
Supremo
Eu tenho o Tarzan da Caparica, tá aí e fiz com o meu tropa Empty, quando ele esteve aí a morar na Costa. Conheci o gajo e fizemos esse EP. E também tenho um som que entrou aí num EP, na Tranquitape 2, ya.
Som preferido... essa é fodida mas tem que ser sempre bué o meu som do meu tio, o Zé Tó. É o meu som preferido.
Como é que funciona o teu processo criativo?
Dwalla
Pá, não tem bem um método. Normalmente gosto de escrever a ouvir o instrumental. Mas já aconteceu escrever letras sem um beat, mas quando estou a escrever já imagino um beat para ela e depois tento procurar uma cena parecida ou bulir nisso com algum produtor.
Às vezes também um gajo dá com cada freestyle que se fosse gravar era um granda som. Às vezes isso acontece em estúdio. E há outro método que às vezes eu também faço, quando estou tipo em estúdio, que é está o beat a rolar e eu vou dando tipo em freestyle até tipo dar porcaria. Ou tipo dou barra a barra, digo uma cena e pause e vou compondo assim. Assim também consigo perceber o que é que estou a fazer a nível tipo musical e a cena sai na hora, sai bué quente, sai bué sincera. Mas normalmente escrevo a ouvir o instrumental.
Juana
Ya, eu não tenho uma maneira certa também. Posso escrever com o beat, posso escrever sem o beat. É raro escrever em casa, a maior parte das vezes escrevo na rua. Ou no estúdio mesmo, à pressão.
Supremo
Eu, epá, já tentei outras coisas mas o modo é sempre o mesmo. Tipo oiço beats e quando curto começo a escrever e depois, é sempre a partir daí, vai ganhando forma. É raro eu agarrar e vou fazer um som para isto, estás a ver? Normalmente, sai-me ali uma ideia e vai ganhando forma. A partir daí, eu escrevo a ir para o trabalho, no bus, no metro, numa pausa de 15 minutos do work. Preciso é daquele início. A partir daquele início o som vai sair.
O que é que sentes quando estás em cima do palco?
Dwalla
Tchi, essa é boa. Mano, olha, sei lá... cada concerto é diferente, né? Nenhum concerto é igual, há melhores, há piores. Mas nunca me sinto mal. Acho que essa é a melhor resposta que eu tenho para te dar. Nunca me sinto mal, irmão. O que me interessa naquele momento é cantar para aquelas pessoas, sejam 6 ou sejam 60, 600 ou 6000. É uma energia que eu não te consigo explicar, mano, é um ponto de paz, é um ponto onde um gajo só está ali a fazer aquilo e só interessa fazer aquilo da melhor forma e divertir-me e as pessoas que se divirtam também, estás a ver? Foste agora a este último concerto que eu dei e, mano, foi o melhor concerto (na minha opinião) que eu dei, estás a ver? Mesmo a nível de espetáculo que um gajo conseguiu organizar e montar, pá, demos ali 25 faixas, foi um granda dia, consegui montar aquilo tudo e só me senti mesmo bem porque, como foi uma cena que eu organizei, estás ver?, senti mesmo que as pessoas que apareceram era para me ver, estás a ver? Senti bué amor nesse dia, mano. E é isso, mano, nesse dia consegui juntar ali família, amigos, os outros artistas que eu considero amigos mas também colegas (o rap é uma cena nossa, estás a ver?, a gente vai para concertos, vai, canta e falamos sobre rap até madrugada, é essa cena). Ya, foi buéda positivo.
Juana
Não sei, sinto bué cenas ao mesmo tempo. Por acaso, não sei. Uma pessoa sobe e quer fazer só o trabalho bem feito, estás a ver?, fazer uma cena bem feita para todos os que estão lá também curtirem.
O primeiro concerto que eu tive foi na feira do Monte. Apagaram-nos a luz. Ya, apagaram a luz, acreditas?, Mafia Clicka todos em cima do palco. Eu tinha gravado o meu som com o Kiko, acho que foi em 2006, foi o meu primeiro som (Melhores dias virão), ainda era miúda.
Passados esses anos todos ainda tens o nervosinho quando sobes ao palco?
Juana
Ya, sempre, sempre. Sempre, porque eu sou uma pessoa bué ansiosa. A minha ansiedade, ya, às vezes atrofia-me uma beca antes do concerto, mas é só eu subir no palco, só pôr o pé no palco, e desaparece tudo. A partir dali eu sei, epá, bora prá frente e vamos embora, é para mostrar garra e bora.
E tu? O que é que sentes quando estás em cima do palco?
Supremo
Pá, eu curto. Curto bué, mano. É aquele sentimento, o concerto está a acaber e um gajo já quer voltar. O último concerto que eu dei foi quê?, há 3 meses e um gajo está tipo ressacado. Mano, ya, um dia estás à frente... é fodido, ya, mano... ressaca de palco, ya.
Mas, ya, primeiro concerto tipo 14 anos, mano. Mas ainda não era rap, era tipo afro, kuduro, mano, cena da escola, espetáculo de fim de ano, estás a ver?, provavelmente, ya. Partimos o palco e tudo, os putos invadiram todo o palco, mano. Foi aqui no cinema também da Costa da Caparica. E agora temos dado concertos, estamos a tentar dar mais, a ver se este verão vamos aí correr essa merda toda, ya. Vontade de voltar, ya, sempre.
Preferes cantar em português ou crioulo?
Dwalla
Em português. Canto em português porque penso em português, o português é a minha língua. O crioulo, eu nunca fiz um som inteiro em crioulo, nem tenciono fazer. Se um dia fizer é porque simplesmente saiu, porque eu e o crioulo funciona assim, porque simplesmente sai, estás a ver? Pá, bué do meu convívio é com cabo-verdianos e eles falam crioulo e eu estou no meio, estás a perceber? Então tipo eu sou injetado com crioulo a toda a hora, estás a ver? E bué música que eu oiço também é crioula, Então, tipo, tem a ver com a expressão. Se eu disse aquilo em crioulo e não disse em português teve só mesmo a ver com a naturalidade com que a cena saiu, estás a ver?, e com a expressão e com a intenção da cena. Mas sou português e canto em português. É assim, ya.
Juana
Ya, português ou crioulo? Epá, por mim tanto faz. Eu escrevo mais em crioulo porque eu sinto-me mais à vontade a escrever em crioulo. Tipo há certas cenas que eu quero dizer, expresso-me melhor no crioulo, (É isso que eu queria dizer e não consegui. - Dwalla) ou não saía bem ou não ia soar bem aos ouvidos dos outros, ou não ia ser bem interpretado, eu não sei. Agora não é de tipo de ter diferença, porque eu escrevo em português, também escrevo em crioulo. Mas eu, ya, yenho mais sons em crioulo. Buéda vezes mesmo é a mente mesmo que me puxa para o crioulo, mal eu vou escrever e vêm mais cenas em crioulo. Então, já é mais por aí, ya.
Supremo
Ya, gravei um som em crioulo. Ainda era puto, ya. Não, não, mas até poderia, bro, porque tipo ouço na minha casa, mano, porque a parte do meu pai é cabo-verdiana, ya. E tipo, quando eu era puto, ya, os meus pais são separados e a minha mãe é tuga, ya, e quando eu ia para a casa do meu pai, os meus avós e coiso eles falavam crioulo para eu não perceber, ya. E depois veio o rap, eu comecei a ouvir tipo crioulo. Mas, ya, eles falam tipo sampadjuda e eu percebia era o badiu, estás a ver? (Ya, o crioulo da tuga entre aspas. - Dwalla) E é esse convívio que eu tenho. Mas, ya, não rimo em crioulo, não.
Atualmente, como classificas o rap nacional?
Dwalla
Ui, perguntas problemáticas. Irmão, olha, classifico a cena... classifico bem em termos de talento, mas classifico mal em termos de outras cenas, estás a ver? Acho que estamos buéda separados todos, acho que agora tipo segmenta-se tudo e isso não é muito fixe para o hip hop no geral e acho mesmo que a cena da guita e das editoras fode esta merda toda e não curto dessa parte. Mas eu acho que está aí bons talentos, estás a ver? E outra cena, a minha intervenção enquanto rapper é porque imagina o som que eu faço é som que eu gostava de ouvir, estás a ver?, e não há muito, eu gostava que houvesse mais Dwallas, estás a ver? Gostava que houvesse mais people a abordar certos temas que eu abordo e sacar certas cenas que eu faço. Eu sou um bocado assim, quando eu quero uma cena e não há, eu invento essa cena, estás a ver? Ya, e é isso, ya.
Juana
Está mais ou menos, está mais ou menos. Temos que apertar connosco, outros estão a querer fechar-nos as portas, mas a gente está aí a fazer o nosso trabalho.
Agora tipo, o rap como é que está? Vai estando. Uns melhores que outros, outros piores que outros, uns pataqueiros, outros que não são pataqueiros. Mas, ya, está aí.
(Esta bacana é crazy, man! - Dwalla)
Supremo
Mano, eu acho que em relação ao que vês, tipo estás-me a falar nacional e eu, pá, posso ver os outros exemplos dos outros países, ya, acho que estamos uma beca para trás, mano, uma beca também porque vai mesmo da cena... olha eu agora estou nas batalhas... da união por exemplo, mano, eu sinto que a malta aqui é bué cada um para seu lado, a malta não se une, estás a ver? Há aí bifezinhos de merda. E eu sinto que, imagina, tu olhas para o exemplo do Brasil e tu vês sons com 20 rappers, mano, e eles puxam todos uns pelos outros e lançam-se uns aos outros, bro, estás a ver? Aqui, bro, ou tu corres, mano, ou não te vai cair nada na mão, estás a ver? Aqui ninguém dá nada a ninguém. É a tuga, estás a ver? É o que eu acho e tipo olhamos para o Brasil e vemos tipo cada dia estoura um, mas é porque eles permitem isso. Aqui eu sinto que aqui é tipo "Ya, chegaste lá, ya!". Também ninguém me ajudou, vou ajudar agora, estás a ver. Mas ya, mano, por isso é que andamos todos aqui na luta todos os dias, mano, e vamos chegar lá como os outros chegaram. Mas era bacano o pessoal abrir tipo uma beca o panorama e ver as cenas lá fora, por exemplo, mano. Porque se dá certo, tipo estás a ver um projeto a dar certo e não tens que insistir na merda, mano. Tipo podes querer melhorar. Acho que é a minha visão da cena.
Qual é o teu top 3 de rappers nacionais?
Dwalla
Uuuuu! Se me dissesses 10, dava-te aqui 10 nomes, agora escolher 3. (Godtelex - Supremo) (Risos) Fogo, não faças isso, meu tropa. Não, respect Godtelex. A gente não está-te a tirar troça, mas, foda-se, calma lá. Tenho que dizer Chullage, tenho que dizer Praga dos Nigga Poison e tenho que dizer mais um... deixa-me lá pensar mais um. Foda-se, estás a ver, já me estás a entalar, mano, vou-te dizer o quê agora. É fodido, porque 3 é injusto. Olha, queres 3, é aqueles dois que te disse e o Dwalla. Fechou.
Juana
Eu também não sei. Eu ouço bué. Fogo, há peoples que eu ouço bué, que ouço mais do que o outro, mas se calhar o outro está no meu top e aquele não está. Mas eu ouço mais o outro, são sons que eu sinto mais.
Dwalla
Porque não há essa cena do melhor. Para mim não tem essa cena do melhor, estás a ver? Estás-me a perguntar os que eu sinto mais: Chullage e Praga dos Nigga Poison e sou eu, ya. Porque é que sou eu? Porque eu sinto a minha cena ao máximo, ninguém tripa mais comigo do que eu, né? É assim ou não? Então, ya, sou eu mesmo.
Juana
Eu não sei, é uma cena bué... Gonças, Gonças 503. (Ya, one love, hermano - Dwalla) Mais, sei lá. O Vato, ya, o Vato também. E agora? Agora é ingrato. Pá, não sei, o outro não sei. Pode ser o Dillaz, ya. (Halloween, iiiiii! - Dwalla)
Supremo
Pá, de reconhecer talento e o trabalho deles, se calhar tipo G Sun, mano, tipo acho que é normal, ya, mesmo, a cena que ele faz, vai rebentar aí para breve mesmo grave, o Dillaz e, epá, e depois eu dizia-te Sam e Valete, é foda. Ya, tipo ya, é o meu top, deixo assim.
E o top 3 de rappers estrangeiros?
Dwalla
3? Irmão, queres que eu te seja sincero? Não sei se tenho... A Juana vai dizer o Central Cee (risos). Agora a sério, estrangeiros de qualquer outro país, né? Irmão, olha, isto é assim, eu quando era puto eu comecei mesmo foi a ouvir rap americano. Só que eu não percebia um caralho, estás a ver?, então tipo e o rap tu tens que perceber o que é que está-se a passar. Epá, não te quero dar uma cena bué classic mas vou ter que dizer Tupac Shakur... vou-te dar outro nome... ei, agora estou-me a lembrar de mais. Eu estava a achar que era difícil e agora estou-me a lembrar de mais. Vou-te dar Lauryn Hill (não é só rap, a bacana não precisa de apresentações), o Nas (tripo com a cena do Nas, é uma cena muita forte) e para dar um shout out ao Brasil, ainda não mencionei nenhum zuca hoje, é os Racionais. É fodido, um gajo podia ficar aqui a noite inteira.
Então, dá 3 brasileiros?
Racionais, Sabotage e o MV Bill, ya.
(já não sei qual é a pergunta... - Supremo)
Top 3 de estrangeiros?
Juana
Top 3? Tupac, (Da regra, mano. Isso é uma coisa que não dá para fugir. - Dwalla) Central Cee (risos) (Ele é tropa da Juana, mano. - Dwalla) e Dexter, Dexter, do Brasil.
Supremo
Ei, foda-se, tenho uns quantos, mano, sei lá... Stormzy, Eminem, 50 Cent tripo, (Eminem, como é que eu não disse Eminem? Estou tão queimado. - Dwalla) Racionais também curto para caralho, sei lá. Ya, mano, é isso.
Qual seria aquela colaboração de sonho?
Dwalla
Boy, nacional eu vou dizer é quem... Richie Campbell. É um dos artistas que eu mais admiro em Portugal, desde puto, e quando comecei mesmo a perceber o que é que o gajo está a fazer ainda mais admiro.
No rap, mano, era com aqueles que eu te disse ainda há bocado, que são das minhas maiores influências, né?, tipo o Praga. Se eu fizesse um feat com o Praga, esquece, era uma cena tipo hardcore, estás a ver?, ou com o Chullage ou com qualquer um dos que me dizem algo, estás a ver?, que eu cresci a ouvir pessoas que são referências para mim. Um feat de sonho é um feat com qualquer referência, estás a ver?
Pá, depois há feats de sonho impossíveis, não é?... não vou desenterrar o Bob Marley nem o Tupac para fazer um feat com eles. Mas olha, do estrangeiro, fazia um feat com a Laurin Hill, irmão, era um feat de sonho. Ou com a Erika Badou. Cenas assim mais diferentes, porque rap um gajo faz, estás ver? Ya!
Juana
Eu não tenho assim um feat de sonho... (o feat de sonho da Juana é fazer um som com o Dwalla - Dwalla).
Quando é que concretizam esse sonho?
Dwalla
O sonho já se está a desenvolver... Irmão, a gente começou uma cena muito suave, estamos com preguiça, estás a ver?, mas a cena vai sair. Sai quando tiver que sair, mano, a gente gosta do natural como o Compal.
Juana
Epá, feat de sonho eu não tenho assim um feat de sonho... não tenho. Agora, se calhar tipo curtia de fazer um feat agora com o Central Cee. E com o Eminem, pá, um feat com o Eminem era fodido, ya.
Supremo
Se fosse tipo assim uma vibe mais... porque eu vejo-me a fazer vibes mais calmas ou mais agressivas. Mais calmas, Slow J, curtia bué, ou com o Dillaz mesmo, uma cena mais calma. E se fosse uma cena tipo agressiva, mesmo no sangue, como eu também curto mesmo, com o NGA acho que era tipo... acho que é uma cena do caralho.
Quais são os teus planos / projetos futuros?
Dwalla
Shout out ao Primero G. Fiquem ligados ao projeto "Venham mais 5". Isso vai ser uma cena bombastic. Podem contar com 5 faixas do Dwalla, 5 faixas da Juana, venham mais 5 de cada um, ya.
O meu plano é ser feliz, ya. Disse-te isso porque foi a primeira cena que me passou pela cabeça.
Projetos futuros? Agora a curto prazo é o álbum, terminar o álbum que estou a fazer. Terminar a minha parte desse projeto com o Primero G, para a GAF. Adianto já que estou a fazer uma mixtape com os Soul Providers (shout out aos Soul Providers, é uma dupla de produtores), ya, estamos a fazer uma mixtape em conjunto também. Pronto, a curto prazo é essas cenas e depois um artista está sempre a flashar e acorda todos os dias com uma ideia nova, então amanhã posso ter uma ideia bombástica que não te disse aqui hoje. Mas os planos agora é finalizar estes projetos todos em que um gajo está a trabalhar, ya.
Ah, e fazer um feat com a Juana na Rap.
Juana
Eu não faço muitos planos, cada dia é um dia para a gente fazer acontecer. Projetos, tenho aí uns quantos projetos para lançar: vou ver se lanço mais um álbum aí para a street, está aí o projeto Venham mais 5. Ya, tenho aí uns quantos projetos para pôr aí nas ruas, ya. Fiquem atentos, fiquem à espera que há aí cenas novas para sair.
Supremo
Agora é pôr aqui o pessoal todo do estúdio aí a bombar, mano, estamos todos a preparar o trabalho aí do ano que vem (2025), todos aqui da CDC Records e, pá, este ano ainda vamos querer pisar aí buéda palcos juntos, ya. E provavelmente depois começar a fazer a cena mais cada um no seu caminho. Mas é isso, mano, acho que estamos a seguir o plano desde o início. Está a correr bem.
Que conselho darias aos jovens que estão a querer singrar na música?
Dwalla
(O conselho que eu te dei. - Juana) Eu já não sei o que é a Juana me disse, para ser sincero...
Agora fora de brincadeiras e a falar a sério, o conselho que eu dou a um jovem como eu é o que dei a mim quando comecei, né?, uma cena desse estilo... Mano, olha, trabalhem muito, nada cai do céu sem ser a chuva e o azar, a sorte tens mesmo de fazer para ter. Trabalhem, sejam naturais, humildes, não forcem mas esforcem-se.
E não ter medo, mano. O medo às vezes é que nos condiciona bué, estás a ver?
Pá, essas são as principais cenas. Ter a vontade, ter amor aquilo que fazemos é muito importante, o amor vence sempre, mano. E é isso, mano, e um gajo ser humilde e saber-se pôr no seu sítio, respeitar e tá tudo a correr bem. Trabalhem, trabalhem, trabalhem.
Juana
Ya, para não desistirem, para lutarem sempre, para apertarem com vocês. Persistir, persistência, porque, pá, não é fácil, pode demorar anos. A gente faz por gosto e é para continuar a fazer. E força, ya, para continuar aí na batalha, porque, como o Dwalla disse, nada cai do céu.
Não deixem ninguém vos atrasar também e não esperem ninguém para fazer o vosso trabalho. Sigam a vossa cena, sigam o vosso foco, só vocês sabem o que é que vocês querem fazer e o que gostam de fazer.
Supremo
Epá, não ponham limites nas vossas cenas, naquilo que vocês querem fazer. Vão ouvir bué conselhos mas a maior parte vai ser ao lado, estás a ver? Tentem-se rodear das pessoas que acreditam mesmo no vosso trabalho como vocês acreditam (e essa merda é difícil de encontrar). E depois é ir para cima, mano, e fazer acontecer.
Tens alguma história engraçada que queiras partilhar?
Dwalla
Pá, olha há cenas bué engraçadas, mano. E há cenas assustadoras também. Não sei. Quando é histórias um gajo tem de pensar muito bem no que é que vai contar.
Juana
Pá, eu não vou contar nenhuma história. As minhas histórias é todas no rap. E não são histórias, é tudo verídico, da realidade.
Supremo
Epá, ya. Se calhar tipo quando eu tipo parei, fui pai e comecei só a bulir e pensava que já não ia fazer música e quê. E depois o meu tropa o Duque que está aí comigo no estúdio até hoje, já deve ter sido aí há uns 5 anos, tipo puxou bué por mim, mano, só fui lá cantar um som a um concerto, estás a ver?, e foi aquele clique para voltar. E desde aí não parei e estou aí com o gajo e estamos aí e vamos estar ainda um tempinho. É mesmo isso.
Dwalla
Uma história... Agora no último concerto perderam uma sweat e eu perdi os meus ténis. Ya, olha, essa história é boa para contar. Perderam uma sweat e um colete e eu perdi dois pares de ténis, mano. Foi assim, eu estava como vocês viram, a seguir ao concerto. O meu tropa foi-me ajudar a levar as cenas para o carro, fomos lá para fora, entre aquele fala não fala e despede não despede, o bacano pousou o saco dos ténis em cima da uma cena e bazámos sem o saco, ya. É essa a história. Olha, boa história. E foi recente.
Final shout outs?
Dwalla
(Já deste 50 shout outs. - Supremo) Olha, para já, um shout out ao homem que tá-me a entrevistar. Dou um shout out aqui ao Supremo, que está-nos a acolher aqui para fazermos a cena. Um shout out à mana Juana, que está-me sempre a acompanhar e o resto ela sabe. Shout out à GAF e ao Primero G. Shout out ao Music Sounds Better With You. Shout out a toda a gente que bule com um gajo e a todos aqueles que me dão moral e força para continuar e que, de certa forma, ajudam a cena a desenrolar.
Um shout out à minha cota.
E um shout out aí aos bacanos em que eu acredito: ao Dy G, ao Dfive, ao Jxst, ao Ronas, ao Iroy. Shout out a buéda peoples, mano, a todos os que sabem que estão comigo e que eu estou com eles. Shout out a vocês todos e Viva la Vida!
Juana
Shout out aí ao Primero G. Shout out ao Klic Klau. Shout out ao Iroy, ya, que está sempre a acompanhar-me nos concertos e também é fodido, granda máquina no rap. Redchickas.
Dwalla
Shout out RedChickas. Shout out Koyotte. Shout out Aleixo e Gigantes à Margem.
Supremo
Ya, mano, um shout out aí especial para o meu mano Duque, é sempre aquela dica. E para o pessoal todo também da CDC: o UncleD, o Baiano, o Reau, o Phaze. Também temos aí os producers: o Steks, o Zivis. Ya, estamos aí a bulir com uma data de people. E, no geral, para toda a gente que está nisto, no rap. Pá, vão para cima.
Dwalla
Shout out ao Gonças e ao Limas que foram duas pessoas importantes também na minha vida. Shout out ao Dennis, tinha que dar este shout out. E shout out ao Lalas49 e à Mynda Guevara.
Supremo
Shout out ao Empty também, não dá para esquecer.
Juana
O meu shout out aí a todos os meus rapazes e as minhas manas lá da zona que apoiam o meu trabalho, que apertam comigo para eu não desistir. Shout out mesmo a eles todos.
Dwalla
Shout out ao meu primo que me pôs a ouvir rap.
Fotografias / Photos: Dwalla, Juana na Rap, Supremo & Da Chic Thief
ENG
After graffiti, in 2024 I became (seriously) interested in another aspect of Hip Hop.
It was in Almada that I started watching the freestyle battles promoted by Gigantes à Margem (in which I already had the opportunity to be a judge twice). It is there that I have appreciated the skills of Godtelex, Koyotte and Perigo (who I interviewed previously), among many others.
My taste for rhymes became even stronger after watching Red Bull FrancaMente 2024 live, at the invitation of the Gigantes (whom I thank for the experience).
It was on the Almada "battlefield" that the idea for the conversation I now bring you was born. In an exchange of ideas with Klaus, I thought that, after the 3 MCs from the battles, it would be interesting to move on to the next level and interview 3 more rappers who have already released music.
After the invitations were made, Dwalla, Juana na Rap and Supremo appeared, on a October afternoon, at CDC Records. There were a few hours of conversation full of questions, answers, stories, sharing and lots of humor.
Thank you all three for your contribution to the blog.
First of all, tell us a little about yourself.
Dwalla
Dwalla, Margem Sul, everywhere, you know what it's like, that's us.
Juana
Juana na Rap, Monte Kapta, Margem Sul, that's us.
Supremo
Supremo CDC, 2825 Caparica, we are here.
When did your interest in rap begin? Did you experience any other aspects of Hip Hop?
In terms of going through another aspect other than rap, no. I've never had contact with anyone like that. When I was a kid I kind of did those graffitis for nothing, but it wasn't "the Hip Hop scene, we're in the Hip Hop scene" it was really "Ya, that's cool. I have a can and I'll do any scene on the wall". Man, it was really Rap, I started listening to rap when I was 10 years old, with my older cousin (that's a story often repeated, right?). Ya, it was my cousin, my cousin was older and already knew more scenes, he had already discovered more scenes of life and he started showing me Tuga rap, American rap and I, even the American who didn't catch anything, I liked it, do you see? When I heard that sound, that whole expression, it was always a scene that I liked. Until that age I enjoyed everything, I always listened to a lot of music, I always grew up with a lot of music, and I tried out different scenes, I also played some instruments. But then, at the age of 10, that's when the Rap flash hit me and then at the age of 12, that's when I started writing lyrics, like realizing, ya, I can also try to play with this scene and, bro, then It was always developing, right? Then I reach my 16th birthday and then I see "Ya, I want to be a rapper, that's what I want for my life" and I started raging from then on, bro, ya.
Juana
My first contact with Rap was when I was 13, yes, it was when I was 13 that I started improvising at school, with my classmates and so on.
Like the only aspect is rap. I really enjoy rapping, singing rap, writing rap. Other than that, nothing else, ya.
Supremo
Bro, the tip is I didn't start rap, man. I went to Trafaria school, 2º Torrão, yes, and there were rehearsals there for afro house groups, kuduro and others and I always had the scene, like I wrote a lot of my lyrics and whatnot and I always wanted to participate in some way. Bro, I watched it in the little window, until one day I wrote a verse, sang it, people really liked it, I joined the group and we started doing scenes. Ya, it was my first contact with music. Then I just wrote, just wrote, just wrote and said "Ya, you're a rapper". And then I started rapping, street battles, ya, then daughters, going up, going down. Ya, we're here.
Street battles, are you still doing them?
Dwalla
Oh no. I don't do it anymore. I show up to watch. And I show up to rhyme, but I rhyme during breaks, I put on the show for the people. No, I usually show up because I like it, I like to see and support the scene and they also call me to be a jury a lot of times. I've already done it, I've already participated. But I've always participated a lot in the street battle scene but there wasn't this concept of the wheel yet. Like we were on the street and it was more spontaneous, "Who's going to rhyme against me?", we put on the beat and papapa. Bro, I did this for a long time and I had a lot of fun doing it, you know? And I continue to do it, although I don't have that scene as much anymore, we don't have that scene as much, a little bit has been lost, but it's always a scene that I continue to do. Now it's like this concept of freestyle circles, yeah, I like going to see and support but I don't fit into that kind of scenes anymore.
Juana
Freestyle was when I really started at school, those games when I was 13 / 14 years old, doing those school freestyles making fun of each other. But freestyle battles nothing.
Supremo
I started in the battle scene at Batalha do Arco, in 2016 / 2017, with the people who are with me in the studio (Reau and Baiano), the guys had a scene that was Complexo Hip Hop, which was part of Crizante and more people. Ya, and I started rhyming and I enjoyed the scene, bro, and I rhymed with fucked up people and then I shit on the scene for a lot of years and then Covid hit and I don't know what. And now I've been given the opportunity to start rhyming again, I'm really enjoying it. Bro, it's the blood scene, it's the socializing with the people I'm really enjoying, listening to new rhymes, listening to flows, it's networking in the end, bro, you know? And I'm really enjoying the scene. And let's see what a guy takes home.
How did your artistic name come about?
Dwalla
Look, I'm going to have to pass on this question, brother. It's a secret. This is a scene that I want to explain to the world later. In 20 years I want to make a documentary and then take the opportunity to make a scene like a project in which I explain the scene. It's nothing that deep... close people even know this story, but for the world this story will have to come later. Now it's still a bit dangerous. (That's an artist, that's fucked up. - Supremo)
Juana
My... Ya, on the street they called me Juana G or Juana Gangster or something like that. Hey, then when I got together with Klic Klau, Klic Klau came up with his ideas saying "Juana G is from the street and whatnot. You're on the street, right, now you're going to rap and you're going to put Juana on Rap". Like, I was already rapping, I already had my serious scene, releasing scenes.
Supremo
Bro, you already fucked me. I'm fighting now and I didn't want to give that tip, ya.
That was when I joined Afro and Kuduro's group, ya. They all had a stage name and so I had to have one too. And, at the time, I was fat, fatter, and so the tip was because it was Mc (Donald's) Supreme, you know?, a tip like that. It's not the scene I use now, like Supreme Motherfucker, you know? So, it was Johnny Supreme, ya. Then a guy put it my way, Supreme CDC. Costa da Caparica, y'all, represents the area. But it was the fat guy's tip (laughs).
What are your references in rap?
Dwalla
When I started to rhyme... look, I tell you, and because props exist to give, the guy I heard that made me say "I want to do this!" it was Dillaz. I was a kid and my cousin showed me that sound from "Pedras no meu sapato". I heard some sounds from this mixtape. I heard that sound, at the time, I heard that one from "Pedras no meu sapato" and I was tripped by the scene.
Then, when I start to open up, get to know others, bro, I have a lot more references. In Tuga rap and Creole rap, because I drink a lot of Creole, too. If necessary, I listen to more Creole rap than Portuguese rap.
Juana
In my career I have no references, I do my scene, my rap, ya. Now at the time I started listening, I listened to Sebeyks a lot, I liked Sebeyks from Damaia a lot. Like TWA (Primero G and Lord G), Chullage also at that time, Mafia Clicka from Monte (I listened to a lot of Mafia Clicka), Mortex... Ya, it was more that type of sound... Nigga Poison too, I listened to a lot of Nigga Poison.
Supremo
Ya, references, bro, at the beginning: Regula, Valete, Sam, Da Weasel also... I'm here thinking... But that's it, ya. Bro, that's what was there at the time... I remembered one that I really like his attitude, it's Baby Dog, I really like the scene.
What was that song or video clip that marked you? That sound you heard on repeat.
Dwalla
Hey, this is pretty complicated, bro. Hey, fuck it, you had to ask me that half an hour ago to answer it now. We will stay here for a long time... Go to them while I think.
Supremo
When I was 6, 7 or 8 years old, with my brothers, like listening to it 50 times in a row, it was "Vida di rua". We all knew that by heart. That was fucked up. I was still a baby and we used to get angry with that at home, we almost got yelled at.
Juana
For me it was the sound of Sebeyks "Segunda sexta-feira".
Dwalla
I can't tell you one scene... (Dillaz, damn - Supremo) Ya, bro, I can give you that answer, ya, like that was the sound that woke me up to rap. So, it was that sound, ya, "Pedras no meu sapato".
Juana
The sound of Klic Klau "É para ti, puto". That's a cool sound too. But maybe it wasn't until the beginning that I started listening. But it scored.
Dwalla
Can I just give one sound? Because now I'm remembering sounds, you know? I wanted to leave a Chullage sound, because it was a sound that when I discovered this sound... it's "Um G também ama". Bro, when I discovered this sound I felt like fucked things in my body, you know? It was a scene that I identified with from beginning to end with the lyrics. Ya, it was a sound that hit me really hard.
Supremo
"Fim da ditadura", ya, Valete, Valete. Looks like a guy is there, bro. The guy did it in a way that makes it look like you're there, bro, in the tunnels and so, it looks like you're in there. This is fucked up.
Dwalla
"Hey" by Puto G.
And that concert that stood out for you?
Dwalla
A concert I saw? Look, I can tell you that I've had many but, unfortunately, a guy doesn't remember them all, right?... but, brother, I really tell you one and it wasn't that long ago, which was by Chullage, now as Xullagi, at the Festival Músicas do Mundo, it was a concert... Bro, that was very hardcore. Bro, I don't even really like frontlines and I was on the frontline of frontlines, there vibrating, bro. Forget it, it was a really hardcore scene.
And I also want to give a big shout out to Ne Jah, I saw a Ne Jah concert that also gave me a lot of goosebumps, ya.
Juana
TWA at Eminente, Ya, boy, that was bursting, it was really packed. Ya, that concert was fucked up. Ya, TWA on Eminente.
Supremo
Bro, it's hard for me to say which one was exactly right, but this is Sol da Caparica, bro, that I always trip to. It's been 10 years, bro, and that's a tip for a guy to see himself up there.
Although your musical style is rap, what also plays on your playlist?
Dwalla
Xi, play a lot of scenes, bro, I hear a lot of scenes, I hear a lot of scenes, I hear a lot of reggae, I hear a lot of kizomba... but that's already a scene since home, you know?, my mother also listens to a lot of kizomba. Man, I hear one or two sounds like that, more alternative, you know? I like music, bro, you see? If this song tells me some kind of special scene, I'll listen to it, it doesn't matter what it is. I like a lot of electronics, I like techno, I like afro house. Music, I like music.
Juana
Reggae, I like a lot of reggae other than rap. It also play some kizombas from time to time, (Some? You're being nice Juana, tell the truth. - Dwalla) some funanás. But I also listen to rap, Portuguese music and so on. If you have to listen, sometimes I listen, Xutos and Pontapés and so on. A person hears a bit of everything. If I go to my phone now you will find lots of rap, reggae, kizomba, ya, and the occasional funaná.
Supremo
Bro, I'm... that's it, bro, I also listen to almost everything, bro, but if you go to my playlist what you'll find most is Brazilian music. Bro, I listen to funk, reggae, rap a lot. Bro, I think the way they speak Portuguese is really sweet and in music it's kind of awesome, ya.
How many CDs or EPs have you released and what is your favorite single?
Dwalla
Responding to the favorite single I tell you that there isn't one, because for me making music is like children, babies, you don't have a favorite child. A song is my product, my creation, I can't choose, like that one is my favorite. Man, there are some that are more sentimental or that touch me more. Of course, a lyric about my life or an outburst will always be more special than me just enjoying rhymes, you know? But to answer that, ya, I don't have a favorite sound.
I released my first ep last year, in September. And in September of this year (2024) I did it in physical format. Anyone who wants CDs, we're here to pay, just get in touch, ya, they're cheap.
And I would like to take this opportunity to announce that I am working on an album to be released next year (2025). A mega scene, a serious album, really. Ya, very hardcore, just stay tuned.
Juana
Ya, I have two physical albums, one came out in 2013 and the other came out in 2016.
I don't have a favorite sound either, I have several that I like and others that I don't like as much anymore (it's been a lot of years). But every sound a person hears they enjoy. I even enjoy my sounds that are on the album more than the singles I'm releasing.
Supremo
I have Tarzan da Caparica, it's there and I did it with my troop Empty, when he was there living on Costa. I met the guy and we made this EP. And I also have a sound that was included on an EP, on Tranquitape 2, ya.
Favorite sound... this one is fucked up but it always has to be my sound from my uncle, Zé Tó. It's my favorite sound.
How does your creative process work?
Dwalla
Man, there isn't really a method. I usually like to write while listening to the instrumental. But it has happened to write lyrics without a beat, but when I'm writing I already imagine a beat for it and then look for a similar scene or discuss it with a producer. Sometimes a guy finds every freestyle that if he were to record it would be a great sound. Sometimes this happens in the studio. And there's another method that sometimes I also do, when I'm in the studio, which is the beat is going and I'm freestyling it until it's like crap. Or like, I go bar by bar, say a scene and pause and I compose like that. This way I can also understand what I'm doing on a musical level and the scene comes out right away, it comes out very hot, it comes out very sincere. But I usually write listening to the instrumental.
Juana
Ya, I don't have a right way either. I can write with the beat, I can write without the beat. It's rare to write at home, most of the time I write on the street. Or in the studio, under pressure.
Supremo
Hey, I've tried other things but the method is always the same. Like I listen to beats and when I enjoy them I start writing and then, it's always from there, it takes shape. It's rare that I grab it and I'm going to make a sound for this, you know? Normally, an idea comes to me and takes shape. From then on, I write on the way to work, on the bus, on the subway, on a 15-minute break from work. I need that beginning. From that beginning the sound will come out.
What do you feel when you're on stage?
Dwalla
Tchi, that's a good one. Bro, look, I don't know... every concert is different, right? No concert is the same, there are better ones, there are worse ones. But I never feel bad. I think this is the best answer I have to give you. I never feel bad, brother. What interests me at that moment is singing for those people, whether they are 6 or 60, 600 or 6000. It's an energy that I can't explain to you, bro, it's a point of peace, it's a point where a guy is just there do that and I'm only interested in doing that in the best way possible and having fun for myself and for other people to have fun too, you know? You went to this last concert I gave and, bro, it was the best concert (in my opinion) I gave, you know? Even in terms of a show that a guy managed to organize and put together, man, we gave 25 tracks, it was a great day, I managed to put it all together and I only felt really good because, as it was a scene that I organized, you see?, I felt even though the people who showed up were to see me, you know? I felt so much love that day, bro. And that's it, bro, that day I managed to bring together family, friends, other artists that I consider friends but also colleagues (rap is our scene, you know?, we go to concerts, we go, we sing and we talk about rap until dawn, that's the scene). Ya, it was pretty positive.
Juana
I don't know, I feel a lot of scenes at the same time. Actually, I don't know. A person goes up and just wants to do the job well, you know?, to create a well-done scene for everyone there to enjoy.
The first concert I had was at the Monte fair. They turned off our lights. Ya, they turned off the lights, can you believe it?, Mafia Clicka all on the stage. I had recorded my sound with Kiko, I think it was in 2006, it was my first sound (Melhores dias virão), I was still a little girl.
After all these years, do you still feel nervous when you go on stage?
Juana
Ya, always, always. Always, because I'm a very anxious person. My anxiety, yes, sometimes it atrophies my gown before the concert, but all I have to do is go on stage, just set foot on the stage, and everything disappears. From then on I know, hey, let's move forward and let's go, it's to show determination and let's go.
And you? What do you feel when you're on stage?
Supremo
Man, I like it. I really like it, bro. It's that feeling, the concert is ending and a guy already wants to come back. The last concert I gave was what?, 3 months ago and a guy is like hungover. Bro, ya, one day you're ahead... it's fucked, ya, bro... stage hangover, ya. But, ya, first concert in like 14 years, bro. But it wasn't rap yet, it was like afro, kuduro, bro, school scene, end of year show, you know?, probably, ya. We broke the stage and everything, the kids invaded the entire stage, bro. It was here at the cinema also in Costa da Caparica. And now we've been giving concerts, we're trying to do more, seeing if we're going to do all that shit this summer, ya. I want to come back, ya, always.
Do you prefer to sing in Portuguese or Creole?
Dwalla
In Portuguese. I sing in Portuguese because I think in Portuguese, Portuguese is my language. Creole, I've never written an entire song in Creole, nor do I intend to. If one day it does, it's because it just comes out, because me and the Creolo works like that, because it just comes out, you know? Man, I spend a lot of time with Cape Verdeans and they speak Creole and I'm in the middle, do you understand? So like, I get injected with Creolo all the time, you know? And a lot of the music I listen to is also Creole, so, like, it has to do with expression. If I said that in Creole and didn't say it in Portuguese, it just had to do with the naturalness with which the scene came out, you know?, and with the expression and intention of the scene. But I'm Portuguese and I sing in Portuguese. It's like that, ya.
Juana
Ya, Portuguese or Creole? Hey, it doesn't matter to me. I write more in Creole because I feel more comfortable writing in Creole. Like there are certain scenes that I want to say, I express myself better in Creole, (That's what I wanted to say and I couldn't. - Dwalla) or it wouldn't come out well or it wouldn't sound good to other people's ears, or it wouldn't be interpreted well , I don't know. Now there is no difference, because I write in Portuguese, I also write in Creole. But I, ya, I have more sounds in Creole. Many times it's really the mind that pulls me towards Creole, as soon as I'm about to write and more scenes come in Creole. So, that's more, ya.
Supremo
Ya, I recorded a sound in Creole. I was still a kid, ya. No, no, but I could, bro, because I hear it in my house, bro, because my father's side is Cape Verdean, ya. And like, when I was a kid, ya, my parents are separated and my mother is Tuga, ya, and when I went to my father's house, my grandparents and stuff like that, they spoke Creole so I wouldn't understand, ya. And then rap came, I started listening to Creole. But, yeah, they talk like sampadjuda and what I understand was badiu, you know? (Ya, the tuga creole in quotation marks. - Dwalla) And that's the kind of interaction I have. But, ya, I don't rhyme in Creole, no.
Currently, how do you classify national rap?
Dwalla
Wow, problematic questions. Brother, look, I classify the scene... I classify it well in terms of talent, but I classify it poorly in terms of other scenes, you know? I think we're all pretty separate, I think that now everything is segmented and that's not very cool for hip hop in general and I really think that the money scene and the labels fuck all this shit up and I don't like that part. But I think there are good talents out there, you know? And another scene, my intervention as a rapper is because the sound I make is the sound I would like to hear, you know?, and there isn't much, I wish there were more Dwallas, you know? I wish there were more people approaching certain themes that I cover and understanding certain scenes that I do. I'm a bit like that, when I want a scene and there isn't one, I invent that scene, you know? Ya, and that's it, ya.
Juana
It's more or less, it's more or less. We have to tighten our grip, others are trying to close our doors, but we are there doing our work.
Now, like, how is rap? It will be. Some better than others, some worse than others, some worthless, others with value. But, ya, it's there. (This girl is crazy, man! - Dwalla)
Supremo
Bro, I think that in relation to what you see, like you're talking to me nationally and I, man, can see the other examples from other countries, yeah, I think we're a bit behind, bro, a bit too because it really goes of the scene... look, now I'm in the battles... of unity for example, bro, I feel like the people here are all on their own, the people don't unite, you know? There are shitty frictions there. And I feel like, imagine, you look at the example of Brazil and you see sounds with 20 rappers, bro, and they all pull each other and throw each other, bro, you know? Here, bro, either you run, bro, or nothing will fall into your hands, you know? Nobody gives anything to anyone here. It's the tuga, you see? That's what I think and we look at Brazil and we see like every day one breaks out, but it's because they allow it. Here I feel like here it's like "Ya, you got there, ya!". Nobody helped me either, I'm going to help now, you see. But yeah, bro, that's why we're all here fighting every day, bro, and we're going to get there like the others got there. But it was cool for people to open up the panorama and see the scenes outside, for example, bro. Because if it works, like you're seeing a project succeed and you don't have to insist on shit, bro. Like you might want to improve. I think that's my view of the scene.
What is your top 3 national rappers?
Dwalla
Woohoo! If you told me 10, I would give you 10 names, now choose 3... (Godtelex - Supremo) (Laughter) Damn, don't do that, my friend. No, respect Godtelex. We're not making fun of you, but fuck it, calm down. I have to say Chullage, I have to say Praga of Nigga Poison and I have to say one more... let me think one more. Fuck, you see, you're already holding me back, bro, I'm going to tell you what now. It's fucked up, because 3 is unfair. Look, you want 3, it's those two I told you and Dwalla. It closed.
Juana
I don't know either. I hear a lot. Look, there are people that I listen to a lot, that I listen to more than the other, but maybe the other one is on my top and that one isn't. But I hear the other more, they are sounds that I feel more.
Dwalla
Because there is no such thing as the best scene. For me, this isn't the best scene, you know? You're asking me the ones I feel the most: Chullage and Praga of Nigga Poison and it's me, ya. Why is it me? Because I feel my scene to the fullest, no one likes me more than me, right? Is it like that or not? So, ya, that's me.
Juana
I don't know, it's a great scene... Gonças, Gonças 503. (Ya, one love, hermano - Dwalla) More, I don't know. Vato, ya, Vato too. And now? Now it's ungrateful. Man, I don't know, the other one I don't know. Could be Dillaz, ya. (Halloween, iiiiii! - Dwalla)
Supremo
Man, to recognize talent and their work, maybe like G Sun, bro, like I think it's normal, yeah, the scene he does, it's going to explode soon, really serious, Dillaz and, hey, and then I told you Sam and Valete, it's awesome. Ya, like ya, it's my top, I leave it like that.
And the top 3 foreign rappers?
Dwalla
3? Brother, do you want me to be honest with you? I don't know if I have... Juana will say Central Cee (laughs). Now seriously, foreigners from any other country, right? Brother, look, this is how it is, when I was a kid I really started listening to American rap. But I didn't fucking understand, you know? So, like, rap, you have to understand what's going on. Hey, I don't want to give you a really classic scene but I'm going to have to say Tupac Shakur... I'm going to give you another name... hey, now I'm remembering more. I was thinking it was difficult and now I'm remembering more. I'll give you Lauryn Hill (it's not just rap, the girl doesn't need any introduction), Nas (I'm with the Nas scene, it's a very strong scene) and to give a shout out to Brazil, I haven't mentioned any zuca yet today, it is Racionais. It's fucked up, a guy could stay here all night.
So, say 3 Brazilians?
Racionais, Sabotage and the MV Bill, ya.
(I don't know what the question is anymore... - Supremo)
Top 3 of foreigners?
Juana
Top 3? Tupac, (It's rule, bro. That's something you can't escape. - Dwalla) Central Cee (laughs) (He's Juana's squad, bro. - Dwalla) and Dexter, Dexter, from Brazil.
Supremo
Hey, fuck, I got a few, bro, I don't know... Stormzy, Eminem, 50 Cent I like it a lot, (Eminem, how come I didn't say Eminem? I'm so burned. - Dwalla) Racionais are also fucking into it, I know there. Ya, bro, that's it.
What would that dream collaboration be?
Dwalla
Boy, national I'm going to say you know who... Richie Campbell. He's one of the artists I've most admired in Portugal, since I was a kid, and when I really started to understand what the guy is doing, I admire him even more.
In rap, bro, it was with those that I told you a while ago, who are some of my biggest influences, right?, like Praga. If I did a feat with Praga, forget it, it was a hardcore type scene, you know?, or with Chullage or with any of those who tell me something, you know?, I grew up listening to people who are references for me. A dream feat is a feat with any reference, you know?
Man, then there are impossible dream feats, right?... I'm not going to dig up Bob Marley or Tupac to do a feat with them. But look, from abroad, I did a feat with Laurin Hill, brother, it was a dream feat. Or with Erika Badou. More different scenes like this, because a guy raps, you know? Ya!
Juana
I don't have a dream feat... (Juana's dream feat is to make a sound with Dwalla - Dwalla).
When will this dream come true?
Dwalla
The dream is already developing... Brother, we started a very soft scene, we are lazy, you know?, but the scene will come out. Come out when you have to, bro, we like things natural like Compal.
Juana
Hey, dream feat, I don't have a dream feat... I don't. Now, maybe I'd like to do a feat now with Central Cee. And with Eminem, man, a feat with Eminem was fucked up, ya.
Supremo
If it was like a more vibe... because I see myself doing calmer or more aggressive vibes. Calmer, Slow J, really enjoyed it, or with Dillaz, a calmer scene. And if it was an aggressive scene, even in blood, like I also really enjoy, with NGA I think it would be like... I think it's a fucking scene.
What are your future plans / projects?
Dwalla
Shout out to Primero G. Stay tuned to the "Venham mais 5" project. This is going to be a bombastic scene. You can count on 5 tracks from Dwalla, 5 tracks from Juana, 5 more from each, ya.
My plan is to be happy, ya. I told you that because it was the first scene that crossed my mind.
Future projects? Now in the short term it's the album, finishing the album I'm making. Finishing my part of this project with Primero G, for GAF. I'll tell you that I'm making a mixtape with Soul Providers (shout out to Soul Providers, it's a duo of producers), ya, we're making a mixtape together too. Okay, in the short term it's these scenes and then an artist is always flashing and wakes up every day with a new idea, so tomorrow I may have a bombastic idea that I didn't tell you here today. But the plans now are to finish all these projects that one guy is working on, ya.
Oh, and do a feat with Juana on Rap.
Juana
I don't make many plans, each day is a day for us to make it happen. Projects, I have a few projects to launch: I'll see if I can release another album on the streets, here's the "Venham mais 5" project. Ya, I have a few projects to put on the streets, yah. Stay tuned, stay tuned as there are new scenes to come out.
Supremo
Now it's time to get all the studio people here and get going, bro, we're all preparing the work for next year (2025), everyone here at CDC Records and, man, this year we're still going to want to step on a lot of stages together, ya. And then probably start doing more scenes each in their own way. But that's it, bro, I think we're following the plan from the beginning. It's going well.
What advice would you give to young people who want to make it in music?
Dwalla
(The advice I gave you. - Juana) I no longer know what Juana told me, to be honest...
Now, out of jokes and seriously, the advice I give to a young person like me is what I gave myself when I started, right?, a scene like that... Bro, look, work hard, nothing falls from the sky apart from rain and bad luck, you really have to be lucky to have it. Work, be natural, humble, don't force but strive.
And don't be afraid, bro. Fear is sometimes what conditions us, you know?
Man, these are the main scenes. Having the will, having love for what we do is very important, love always wins, bro. And that's it, bro, and a guy is humble and knows how to put himself in his place, respects him and everything is going well. Work, work, work.
Juana
Ya, to not give up, to always fight, to stick with you. Persist, persistence, because, man, it's not easy, it can take years. We do it for pleasure and we want to continue doing it. And strength, ya, to continue in the battle, because, as Dwalla said, nothing falls from the sky.
Don't let anyone slow you down either and don't wait for anyone to do your work. Follow your scene, follow your focus, only you know what you want to do and what you like to do.
Supremo
Hey, don't put limits on your scenes, on what you want to do. They'll hear a lot of advice, but most of it will be sideways, you know? Try to surround yourself with people who really believe in your work like you do (and that shit is hard to find). And then just go for it, bro, and make it happen.
Do you have any funny stories you want to share?
Dwalla
Man, look, there are some really funny scenes, bro. And there are scary scenes too. I don't know. When it comes to stories, a guy has to think very carefully about what he's going to tell.
Juana
Man, I'm not going to tell any stories. My stories are all in rap. And they're not stories, it's all true, reality.
Supremo
Well, ya. Maybe like when I stopped, I became a father and I just started messing around and thought I wasn't going to make music anymore and whatnot. And then my friend, Duque, who is there with me in the studio to this day, it must have been there about 5 years ago, he was like a big fan of me, bro, I just went there to sing a song at a concert, you know?, and it was that click to go back. And since then I haven't stopped and I'm there with the guy and we're there and we'll be there for a while. That's right.
Dwalla
A story... Now at the last concert they lost a sweatshirt and I lost my sneakers. Ya, look, that's a good story to tell. They lost a sweatshirt and a vest and I lost two pairs of sneakers, bro. That's how I was, as you saw, after the concert. My troop came to help me take the scenes to the car, we went outside, between that talk, don't talk and say goodbye, don't say goodbye, the guy put the sneaker bag on top of the scene and we left without the bag, yah. That's the story. Look, good story. And it was recent.
Final shout outs?
Dwalla
(You've already given 50 shout outs. - Supremo) Look, for now, a shout out to the man who is interviewing me. I give a shout out here to the Supremo, who is welcoming us here to do the scene. A shout out to sister Juana, who is always with me and she knows the rest. Shout out to GAF and Primero G. Shout out to Music Sounds Better With You. Shout out to everyone who messes with a guy and to all those who give me morale and strength to continue and who, in a way, help scene unfolding.
A shout out to my mother.
And a shout out to the guys I believe in: Dy G, Dfive, Jxst, Ronas, Iroy. Shout out to good people, bro, to everyone who knows that they are with me and that I am with them. Shout out to you all and Viva la Vida!
Juana
Shout out to Primero G. Shout out to Klic Klau. Shout out to Iroy, ya, who is always with me at concerts and is also fucked up, great rap machine. Redchickas.
Dwalla
Shout out RedChickas. Shout out Koyotte. Shout out Aleixo and Gigantes à Margem.
Supremo
Ya, bro, a special shout out to my bro Duque, it's always that tip. And to all the people at CDC: UncleD, Baiano, Reau, Phaze. We also have producers there: Steks, Zivis. Ya, we're messing around with a bunch of people. And, in general, for everyone who is in this, in rap. Man, go upstairs.
Dwalla
Shout out to Gonças and Limas who were also two important people in my life. Shout out to Dennis, I had to give this shout out. And shout out to Lalas49 and Mynda Guevara.
Supremo
Shout out to Empty too, you can't forget it.
Juana
My shout out to all my boys and my sisters in the area who support my work, who support me so I don't give up. Shout out to them all.
Dwalla
Shout out to my cousin who put me listen to rap.
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