top of page
Foto do escritorDa Chic Thief

Entrevista #14 MARINA AGUIAR

Atualizado: 26 de jul. de 2021

PT

Na segunda das três entrevistas planeadas para este mês de Março (dedicado às senhoras) optei por mudar o registo. Em vez de entrevistar uma writer/artista, resolvi endereçar o convite a uma fotógrafa de Arte Urbana.


Conforme fiz questão de expressar no texto de lançamento deste site / blog, há exatamente 9 meses atrás, este projeto estava aberto não só aos writers/artistas (fossem eles consagrados ou emergentes) como a todos aqueles que, como eu, se mostrassem empenhados na valorização e divulgação das suas obras.


Add Fuel, Draw, Mar & e Miguel Januário (Fotografias / Photos: Marina Aguiar)


No universo (cada vez maior) de páginas dedicadas à fotografia de Arte Urbana, o trabalho de Marina Aguiar sobressai, desde o início, pelo envolvimento da fotógrafa com cada uma das peças e pelo cuidado que a mesma emprega na composição das suas imagens, contando pequenas histórias com os transeuntes ou com o seu figurante anónimo (quase uma marca registada das suas fotografias).


Trafic & frAme01 / Vhils / Violant (Fotografias / Photos: Marina Aguiar)


Para além de "puxar" pela qualidade dos restantes apreciadores deste tipo de fotografia (nos quais me incluo), o trabalho desta fotógrafa é destacado, com regularidade, nas principais páginas de divulgação do género (como jj_urbanart ou streetartchat, entre outros) assim como nas dos artistas, com os quais já granjeou alguma confiança.


Asur (Fotografia / Photo: Marina Aguiar)


Sempre escondida atrás da câmara, chegou agora a altura de ficarmos a conhecer um pouco mais sobre Marina Aguiar.


Como começou o teu interesse pela fotografia e, mais especificamente, pela fotografia de arte urbana e graffiti?


Gosto muito de Arte. De todas as formas de Arte. Gosto de fotografar pessoas, emoções, o palpitar da cidade e do dia-a-dia – Vida! Assim, consigo que esses momentos e testemunhos não fiquem perdidos no tempo e, de vez em quando, posso como que viajar ao passado, mergulhar nas minhas memórias e recordá-las mais nitidamente.


Por volta de 2010, numa das minhas saídas fotográficas, desloquei-me à Calçada da Glória. No Largo da Oliveirinha encontrava-se um artista a pintar. Pedi-lhe autorização para ficar a assistir. Nunca tinha visto alguém a pintar com spray e fiquei fascinada.

Voltei ao local na semana seguinte. Desta vez, estavam lá dois writers a pintar, exatamente no mesmo local. E um deles estava precisamente a pintar por cima do trabalho que eu tinha visto estar a ser realizado na semana anterior! Aí, dei-me conta de como esta arte é efémera e o quanto é importante “chegar a tempo” antes que desapareça, bem como efetuar o seu registo para memória futura.


As tuas fotos remetem para a obra da Martha Cooper. Foste influenciada pelo seu trabalho?


É curioso fazeres-me essa pergunta. Não conhecia o trabalho da Martha Cooper até, uns anos depois de eu ter começado a fotografar Arte Urbana, me terem dito que as minhas fotografias lembravam as dela. Aí fui investigar… e gostei imenso do seu trabalho, o qual passei a admirar.


Não gosto de imitar alguém. Quando olho para uma obra de Arte Urbana começo por apreciar demoradamente os mínimos pormenores e deixo a minha imaginação divagar… Depois, procuro fotografá-la introduzindo algum elemento ou alguém que permita conferir a noção de escala ou, sempre que possível, como que estabelecer um diálogo visual entre a obra e o personagem/elemento que introduzi. Essa é a minha forma de, eu própria, conseguir “dialogar” com um trabalho que tive o privilégio de apreciar e de manifestar e agradecer o quanto esse trabalho foi apreciado por mim.


Nils Westergard / Smile / Daniel Eime / Omeubigod (Fotografias / Photos: Marina Aguiar)


Preferes fotografar Wall of Fame e peças de rua ou locais abandonados?


Gosto de fotografar Arte Urbana independentemente do local. Mas, tenho de confessar que os locais abandonados têm para mim sempre um fascínio especial. Pelos cenários envolventes, pelos “mistérios” que encerram… apesar da adrenalina que por vezes provocam, por riscos de desabamento, segurança/insegurança desconhecidas, uma ou outra cobra que já tem aparecido, arranhões e quedas… E fico sempre com vontade de investigar o passado, a história desse local...


O teu figurante é uma marca do teu trabalho e permite ter uma noção de escala das peças que fotografas. Como surgiu a ideia? Queres divulgar de quem se trata, para quem ainda não o conhece?


Inicialmente, fotografava sempre sozinha. A introdução de um figurante foi uma ideia que me surgiu pouco depois de ter começado a fotografar Arte Urbana e, sempre que possível, procuro fazê-lo sem que o figurante previamente se aperceba e sem que fique estático, de modo a conferir maior naturalidade e movimento à fotografia (regra geral, só depois da foto efetuada a mostro ao eventual e, na maioria das vezes, desconhecido figurante).


Quando me deparo com uma obra de arte urbana costumo, primeiramente, observá-la nos mínimos pormenores e depois como que “solto” a minha imaginação. Começo por observar onde gostaria de colocar o figurante e como gostaria que ele fosse. E depois… espero. Por vezes, tenho tido momentos de sorte incríveis em que aparece um personagem exactamente como eu o estava a imaginar (de tal forma que custa a algumas pessoas acreditarem que se tratou de um acaso). Pode aparecer de imediato ou demorar muito tempo, o que implica esperar… esperar… esperar ou voltar num outro dia.


Nos locais abandonados não se encontram figurantes. Mas, de há uns anos para cá, passei a fotografar acompanhada por um colega que, sentindo-se confortável no anonimato, nutre igual gosto pela Arte Urbana, ambientes que a mesma explora e que, inúmeras vezes, partilha comigo incursões fotográficas. Daí a razão de, muitas vezes, ele surgir como figurante nas minhas fotos. Tive então que desenvolver a vertente de direção de atores e ele, muito prestável, tem-me dado todo o apoio. :)


Smart / Thiago Goms / Vile / l7matrix (Fotografias / Photos: Marina Aguiar)


Que máquina / material usas?


Não sou fotógrafa profissional. Não tenho nenhum curso de fotografia. Aprendo por observação, experimentação ou quando algum fotógrafo me dá umas dicas.


Fotografo com um telemóvel Huawei, uma Nikon D7200 e uma Fuji X- T10.


Que papel têm as redes sociais na promoção do teu trabalho? Utilizas outros meios para o efeito?


Através das redes sociais tenho conhecido imensos artistas, locais e obras de arte urbana. Quando publico não é propriamente para promover o meu trabalho mas sim para conhecer e dar a conhecer artistas e trabalhos que me encantam e alegram os meus dias, aprendendo, simultâneamente, cada vez mais sobre a arte urbana. Já acompanho o trabalho de muitos desses artistas há alguns anos, conheço alguns deles pessoalmente e adoro sempre que me permitem acompanhar a execução dos seus trabalhos, quando apreciam as fotografias que efetuo e mas pedem, as quais tenho todo o prazer de lhes oferecer.


Fotografar é para mim uma terapia que me ajuda a combater o stress da minha profissão e do dia-a-dia. Não pretendo ganhar dinheiro com as minhas fotos. Já me pediram fotos para capa de livros, jornais e revistas, já fui convidada para fazer a reportagem fotográfica de alguns festivais de Arte Urbana. Nunca publiquei fotos de nenhum artista sem, previamente, lhe solicitar autorização e nunca fui paga por tal.


Bordalo II (Fotografia / Photo: Marina Aguiar)


Qual é o teu top 3 de writers / artistas portugueses?


Não gosto de tops nem de classificar os artistas. Cada um tem o seu estilo e arte bem próprios, incomparáveis. E gosto de tantos! Poderei mencionar alguns, de entre muitos mais, sem efetuar qualquer tipo de ordenação: Styler, frame0ne, skran01, Odeith, Nark, Mar e Ram, Draw, Violant, Tamara Alves, Youthoner, Regg, HUARIU, Miúdo, Bordalo II, Vhils, Smile, Mosaik, Nomen, Vile, jdemontaigne, Daniela Guerreiro, Ms.Ketam, C. Marie, Francisco Camilo, Helio Bray, Mariana Santos


É um orgulho ver como temos tantos e excelentes artistas portugueses.


E de writers / artistas estrangeiros?


Vou também citar apenas alguns aleatoriamente, entre os muitos que aprecio: Scaf_oner, DavidL, edgarmueller68, wd_wilddrawing, l7matrix, kurtwenner, Colectivo Licuado (@fitz_licuado + @theic_licuado), Kobra, maksiov, edgar muller, medianerasmurales, ninapelirroja, Bansky, ADOR, Utopia, Claraleff, PichiAvo, …


Smile / OzeArv / Vasco Maio & Cookie Rice / Third (Fotografia / Photo: Marina Aguiar)


O que preferes? Street Art ou Graffiti?


Prefiro a Street Art que, para mim, tem um cariz mais social na medida em que é destinada a alcançar um público mais amplo, levando a que as pessoas deparem com arte no seu dia a dia nos agregados urbanos, sem necessidade de se deslocarem a centros culturais, como que num encontro natural entre a vida e a arte.


Gosto de graffiti desde que não seja efetuado em espaços indevidos (como monumentos e estátuas) deteriorando-os, o que tem levado a que muitas pessoas a priori detestem tudo o que seja referido como Graffiti ou Arte Urbana.


O graffiti tende a ser dominado por homens. Achas que trazes uma perspetiva diferente para a cultura sendo mulher?


Não sei bem o que responder. Considero que caberá a quem observa as minhas fotos dizê-lo. Mas, pelo que tenho observado em momentos fotográficos em que participam fotógrafos de ambos os sexos, não há duas pessoas que observem e fotografem a mesma obra da mesma forma. E talvez as mulheres tenham uma forma de observar diferente dos homens. Já está provado que as zonas do cérebro humano (na forma de observar e realizar determinadas tarefas) funcionam de forma diferenciada consoante o sexo. Daí ser tão profícuo trabalhar em parceria, partilhando experiências e formas de olhar.


Nomen / Mariana Dias Coutinho / Styler / PTKS (Fotografias / Photos: Marina Aguiar)


O que mudou na cena do graffiti / street art desde que começaste a documentá-la?


Mudou imenso! Passaram não só a serem permitidos em muitos locais onde antes não o eram e a serem mais divulgados e apreciados, quer em Portugal, quer a nível mundial. Têm surgido imensos artistas de qualidade, novas técnicas e espantosos e muito criativos trabalhos.


Como descreves o panorama atual do graffiti / street art em Portugal?


Portugal tem muitos artistas de topo a nível mundial e que já divulgam a sua arte e o nosso país além fronteiras, sendo solicitados para trabalharem e participarem em festivais internacionais. Outros vão surgindo e é espetacular poder acompanhar o seu crescimento artístico e poder apoiá-los divulgando os seus trabalhos sempre que possível. É sempre com imenso agrado e entusiasmo que recebo convites para ir fotografar as suas obras e/ou assistir à execução dos seus trabalhos. Por vezes, descubro locais abandonados muito interessantes e também já lhes tenho indicado

alguns.


Vile / Styler / PichiAvo / Miúdo (Fotografias / Photos: Marina Aguiar)


A fotografia já se tornou uma constante da tua vida (no dia-a-dia, em férias, ...)? Em que países já fotografaste e qual aquele ou que cidade te marcou pela quantidade / qualidade das suas obras?


Sempre gostei de fotografia mas esse interesse aumentou quando comecei a viajar. Há uns anos atrás eu podia viajar muito mas fotografava outras temáticas. Ainda não estavam tão divulgadas as câmaras digitais, as máquinas utilizavam rolos de película, no máximo de 36 fotos, não se podia apagar nem visualizar previamente a foto efetuada e, regra geral, tinha de se mandar revelar em locais destinados ao efeito. Era muito mais caro e limitativo fotografar. Eu, nessa altura, ainda não tinha despertado para a Arte Urbana, nem esta estava tão divulgada quanto o está hoje.


Já no início do surgimento das câmaras digitais efetuei algumas (poucas) fotos de Arte Urbana na África do Sul, Índia, Espanha, Cuba, França,…


Este é um hobby que exige muito de quem o pratica (tempo, gasolina, portagens, ...). O que te manteve comprometida em documentar esta cultura todos estes anos?


Fotografar arte urbana para mim é um hobby, uma paixão, uma terapia… quanto mais conheço e vejo arte urbana, mais quero conhecer e acompanhar…


Styler (Fotografia / Photo: Marina Aguiar)


Qual foi aquela peça que te deixou deslumbrada?


São tantas! Há imensas vertentes de Street Art. Considero a arte 3D e a arte Anamórfica

surpreendentes, criativas e fascinantes. Mas, prefiro referir que o que me deslumbra mais é a criatividade inesgotável e sempre surpreendente dos artistas e o empenho que vejo colocarem em tudo o que fazem.


E local?


Os locais abandonados, em que os cenários parecem envolver e destacar as obras. (Como os artistas não gostam que estes locais sejam divulgados, peço desculpa mas não mencionarei nenhum).


Odeith (Fotografias / Photos: Marina Aguiar)


Tem vindo a aumentar o número de aficionados por este tipo de fotografia. Achas que se está a tornar uma moda? Que conselhos darias a quem se está a iniciar?


É verdade, desde que comecei a fotografar Arte Urbana vejo cada vez mais surgirem novos fotógrafos a documentá-la. Fotografar Arte Urbana é uma paixão, um alargar de horizontes, que implica tempo e dedicação.


Mas, por vezes, sinto tristeza ao ver que alguns desses fotógrafos revelam maior preocupação em mostrar que foram os primeiros a publicar determinada obra, como se estivessem a participar numa competição. Muitas vezes, vejo-os chegar e fotografar sem terem qualquer preocupação estética, apenas como se não quisessem perder tempo...


Outras vezes, também aparecem fotógrafos (ou que se dizem como tal, principalmente

estrangeiros) que publicam indevidamente e que até chegam a vender como suas as obras que foram roubadas aos seus autores.


Há que não esmorecer e combater este tipo de atitudes.


Tens alguma história que queiras partilhar?


Há tempos, fui convidada, pela primeira vez, para fotografar um Festival de Arte Urbana. Poucos dias antes do festival começar, tive um acidente. Abri a cabeça e parti o braço direito, no qual me colocaram gesso. Mas, apesar de dextra, não deixei de fotografar (mesmo com dificuldade) e de acompanhar, diariamente, o Festival, os artistas e a execução dos trabalhos. Não podia perder a oportunidade de assistir e documentar o trabalho de dezenas de artistas nacionais e estrangeiros que tanto aprecio!


Todas as fotografias encerram uma história, descobertas, emoções. As histórias são tantas! Tenho conhecido imensas pessoas, artistas e locais que passaram a fazer parte da minha história. Que me têm trazido muitas alegrias e, por vezes, também alguma tristeza. Aprendo, cada vez mais, sobre relações humanas. Vejo como as pessoas podem ser tão diferentes, apesar de terem interesses comuns. Tenho vivenciado descobertas espetaculares, algumas situações divertidas e outras de perigo, conhecido pessoas incríveis e efetuado novas e boas amizades.


Passei a conhecer melhor a Arte Urbana. Pesquiso, investigo, interajo e procuro colaborar fotografando uma arte que, sendo tão efémera, fica registada para não ser esquecida.


Regg / Arm Collective / Ketam / Daniela Guerreiro (Fotografias / Photos: Marina Aguiar)


Quais são os teus planos / projetos futuros?


Projectos futuros? Não penso nisso. Ultimamente, aprendi que o melhor é procurar vivenciar, o mais intensamente possível, um dia de cada vez. Descobri a Arte Urbana e penso continuar a aprofundar essa descoberta, acompanhá-la e contribuir para divulgá-la positivamente, sempre que possível.


Cumprimentos? Agradecimentos?


Os meus parabéns e agradecimentos a todos os artistas que, com tanta imaginação, empenho e, por vezes, dificuldades, nos encantam com as suas obras. Destaco os artistas que já acompanho há alguns anos e que sempre, de maneira tão simpática, se têm relacionado comigo. Eles sabem quem são e que poderão contar comigo para tudo o que estiver ao meu alcance.


Os meus agradecimentos vão também para todos os conhecidos e desconhecidos que me têm acompanhado, quer incentivando o meu trabalho fotográfico, quer colaborando como eventuais figurantes, quer partilhando a sua amizade. Destaco o fotógrafo e eventual figurante que há anos e que quase sempre me acompanha e apoia nas incursões fotográficas, partilhando entusiasmo, troca de ideias e saberes.


Os meus parabéns ao Da Chic Thief, pelo excelente trabalho que está a desenvolver em prol do Graffiti e da Arte Urbana e a quem agradeço este convite, que recebi com imensa surpresa.


E que VIVA a Arte Urbana!


Odeith (Fotografia / Photo: Marina Aguiar)


EN

In the second of the three interviews planned for this month of March (dedicated to the ladies) I chose to change the registration. Instead of interviewing a writer / artist, I decided to address the invitation to an Urban Art photographer.


As I made a point of expressing in the launch text of this website / blog, exactly 9 months ago, this project was open not only to writers / artists (whether they were established or emerging) but to all those, like me, who were committed to valorization and dissemination of their works.


In the (increasingly larger) universe of pages dedicated to Urban Art photography, Marina Aguiar's work stands out, from the beginning, for the photographer's involvement with each of the pieces and for the care that she uses in the composition of her images, counting short stories with passers-by or the anonymous extra (almost a trademark of her photographs).


In addition to "pulling" through the quality of the other connoisseurs of this type of photography (which I include myself), the work of this photographer is regularly highlighted on the main pages of the genre (such as jj_urbanart or streetartchat, among others) as well as those of the artists, with whom he has already gained some confidence.


Always hidden behind the camera, now is the time to get to know a little more about Marina Aguiar.


How did your interest in photography and, more specifically, urban art and graffiti photography begin?


I love Art. Of all forms of Art. I like to photograph people, emotions, the pulse of the city and everyday life - Life! Thus, I manage that these moments and testimonies are not lost in time and, from time to time, I can sort of travel to the past, immerse myself in my memories and remember them more clearly. Around 2010, in one of my photographic trips, I went to Calçada da Glória. In Largo da Oliveirinha there was an artist painting. I asked him for permission to stay watching. I had never seen anyone spray paint and I was fascinated. I returned to the site the following week. This time, there were two writers to paint, in exactly the same place. And one of them was just painting over the work that I had seen being done the week before! Then, I realized how ephemeral this art is and how important it is to “get there in time” before it disappears, as well as register it for future memory.


Your photos refer to the work of Martha Cooper. Were you influenced by your work?


It is curious to ask me that question. I didn't know Martha Cooper's work until, a few years after I started photographing Arte Urbana, I was told that my photographs resembled hers. Then I went to investigate… and I really enjoyed your work, which I started to admire. I don't like to imitate someone. When I look at a work of Urban Art, I start by appreciating the smallest details for a long time and let my imagination wander… Then, I try to photograph it introducing some element or someone that allows to check the notion of scale or, whenever possible, as if to establish a visual dialogue between the work and the character / element that I introduced. This is my way of, myself, being able to “dialogue” with a job that I was privileged to appreciate and to express and thank how much that work was appreciated by me.


Do you prefer to photograph Wall of Fame and street plays or abandoned places?


I like to photograph Urban Art regardless of the location. But, I have to confess that the abandoned places always have a special fascination for me. For the surrounding scenarios, for the “mysteries” that end… despite the adrenaline that sometimes provoke, due to risks of collapse, unknown security / insecurity, one or another snake that has already appeared, scratches and falls… And I always feel like investigating the past, the history of this place ...


Your extra is a mark of your work and allows you to have a sense of scale of the pieces you photograph. How did the idea come about? Do you want to disclose who it is, to those who do not know him yet?


Initially, I always photographed alone. The introduction of an extra was an idea that came to me shortly after I started photographing Urban Art and, whenever possible, I try to do it without the extras previously being aware and without being static, in order to give more naturalness and movement to the photograph (as a general rule, only after the photograph was taken to show the eventual and, in most cases, unknown extras). When I come across an urban work of art, I usually first observe it in the smallest detail and then as if “letting go” of my imagination. I begin by observing where I would like to put the extras and how I would like them to be. And then ... I hope. Sometimes, I have had incredible moments of luck when a character appears exactly as I was imagining him (in such a way that it costs some people to believe that it was a fluke). It can appear immediately or take a long time, which means waiting ... waiting ... waiting or coming back another day. In the abandoned places there are no extras. But, a few years ago, I started to photograph accompanied by a colleague who, feeling comfortable in anonymity, nurtures an equal taste for Urban Art, environments that the same explores and that, many times, shares photographic incursions with me. Hence the reason that he often appears as an extra in my photos. So I had to develop the direction of directing actors and he, very helpful, has been giving me all the support. :)


What machine / material do you use?


I'm not a professional photographer. I don't have a photography course. I learn by observation, experimentation or when a photographer gives me some tips. I shoot with a Huawei mobile phone, a Nikon D7200 and a Fuji X-T10.


What role do social networks play in promoting your work? Do you use other means for this purpose?


Through social networks I have met immense artists, places and works of urban art. When I publish it is not exactly to promote my work but to get to know and make known artists and works that delight and brighten my days, simultaneously learning more and more about urban art. I have been following the work of many of these artists for some years now, I know some of them personally and I always love that they allow me to follow the execution of their work, when they appreciate the photographs I take and ask for, which I am happy to offer them. Photographing is for me a therapy that helps me to combat the stress of my profession and everyday life. I don't intend to make money from my photos. I have already been asked for photos for the cover of books, newspapers and magazines, I have already been invited to do the photographic report of some festivals of Urban Art. I have never published photos of any artist without asking for permission in advance, and I have never been paid for it.


What is your top 3 of Portuguese writers / artists?


I don't like tops or classifying artists. Each has its own unique style and art, unmatched. And I like so many! I can mention some, among many more, without making any sort of order: Styler, frame0ne, skran01, Odeith, Nark, Mar e Ram, Draw, Violant, Tamara Alves, Youthoner, Regg, HUARIU, Miúdo, Bordalo II, Vhils, Smile, Mosaik, Nomen, Vile, jdemontaigne, Daniela Guerreiro, Ms.Ketam, C. Marie, Francisco Camilo, Helio Bray, Mariana Santos… It is a pride to see how we have so many excellent Portuguese artists.


What about foreign writers / artists?


I will also mention just a few at random, among the many that I appreciate: Scaf_oner, DavidL, edgarmueller68, wd_wilddrawing, l7matrix, kurtwenner, Colectivo Licuado (@fitz_licuado + @theic_licuado), Kobra, maksiov, edgar muller, medianerasmurales, ninapelirroja, Bansky, ADOR, Utopia, Claraleff, PichiAvo, …


What do you prefer? Street Art or Graffiti?


I prefer Street Art, which, for me, has a more social nature as it is intended to reach a wider audience, leading people to encounter art in their daily lives in urban households, without having to travel to cultural centers, as if in a natural encounter between life and art. I like graffiti as long as it is not done in improper spaces (such as monuments and statues) deteriorating them, which has led many people a priori to detest everything that is referred to as Graffiti or Urban Art.


Graffiti tends to be dominated by men. Do you think you bring a different perspective to culture as a woman?


I'm not sure how to respond. I believe that it will be up to those who watch my photos to say so. But, from what I have observed in photographic moments in which photographers of both sexes participate, there are not two people who observe and photograph the same work in the same way. And maybe women have a different way of looking than men. It has been proven that the areas of the human brain (in the way of observing and performing certain tasks) work differently according to sex. That is why it is so fruitful to work in partnership, sharing experiences and ways of looking.


What has changed in the graffiti / street art scene since you started documenting it?


It has changed a lot! Not only have they been allowed in many places where they were not before and to be more publicized and appreciated, both in Portugal and worldwide. There are a lot of quality artists, new techniques and amazing and very creative works.


How do you describe the current landscape of graffiti / street art in Portugal?


Portugal has many top artists worldwide and who already promote their art and our country abroad, being asked to work and participate in international festivals. Others are emerging and it is spectacular to be able to follow their artistic growth and to be able to support them by publicizing their work whenever possible. It is always with great pleasure and enthusiasm that I receive invitations to go and photograph your works and / or to watch the execution of your works. Sometimes, I discover very interesting abandoned places and I have already indicated them some.


Has photography become a constant in your life (on a daily basis, on vacation, ...)? In which countries have you photographed and which one or which city marked you for the quantity / quality of your works?


I always liked photography but that interest increased when I started to travel. A few years ago I was able to travel a lot but photographed other themes. The digital cameras were not yet so popular, the machines used rolls of film, a maximum of 36 photos, the photo could not be erased or previously previewed and, as a general rule, had to be revealed in places intended for the purpose. It was much more expensive and limiting to shoot. At that time, I had not yet awakened to Urban Art, nor was it as widespread as it is today. Already at the beginning of the emergence of digital cameras I took some (few) photos of Urban Art in South Africa, India, Spain, Cuba, France,…


This is a hobby that demands a lot from those who practice it (time, gasoline, tolls, ...). What has kept you committed to documenting this culture all these years?


Photographing urban art for me is a hobby, a passion, a therapy… the more I know and see urban art, the more I want to know and follow…


What was that piece that dazzled you?


There are so many! There are immense strands of Street Art. I consider 3D art and Anamorphic art surprising, creative and fascinating. But, I prefer to mention that what amazes me the most is the inexhaustible and always surprising creativity of the artists and the commitment that I see put in everything they do.


And location?


The abandoned places, in which the scenarios seem to involve and highlight the works. (As the artists do not like these places to be publicized, I apologize but I will not mention any).


The number of fans of this type of photography has been increasing. Do you think it is becoming a fashion? What advice would you give to those just starting out?


It is true, since I started photographing Urban Art, I see more and more new photographers appearing to document it. Photographing Urban Art is a passion, a broadening of horizons, which implies time and dedication. But, sometimes, I feel sad to see that some of these photographers show greater concern in showing that they were the first to publish a certain work, as if they were participating in a competition. Often, I see them coming and photographing without any aesthetic concerns, just as if they don't want to waste time ... At other times, photographers also appear (or who claim to be such, mainly foreigners) who improperly publish and even sell the works that were stolen from their authors as their own. It is necessary not to fade and combat this type of attitudes.


Do you have a story you want to share?


Some time ago, I was invited, for the first time, to photograph an Urban Art Festival. A few days before the festival started, I had an accident. I opened my head and broke my right arm, in which plaster was placed. But, in spite of being right, I did not stop photographing (even with difficulty) and daily monitoring the Festival, the artists and the execution of the works. I couldn't miss the opportunity to watch and document the work of dozens of national and foreign artists that I appreciate so much! All photographs contain a story, discoveries, emotions. There are so many stories! I have met a lot of people, artists and places that have become part of my history. That have brought me many joys and, at times, also some sadness. I learn more and more about human relationships. I see how people can be so different, despite having common interests. I have been experiencing spectacular discoveries, some fun situations and others of danger, meeting incredible people and making new and good friendships. I got to know Urban Art better. I research, investigate, interact and try to collaborate photographing an art that, being so ephemeral, is registered so as not to be forgotten.


What are your future plans / projects?


Future projects? I don't think about it. Lately, I learned that it is best to try to experience, as intensely as possible, one day at a time. I discovered Urban Art and I think I will continue to deepen this discovery, accompany it and contribute to spread it positively, whenever possible.


Compliments? Thanks?


My congratulations and thanks to all the artists who, with so much imagination, commitment and, at times, difficulties, enchant us with their works. I highlight the artists that I have been following for a few years and who have always, in such a friendly way, related to me. They know who they are and that they can count on me for everything in my power. My thanks also go to all the known and unknown people who have accompanied me, either encouraging my photographic work, or collaborating as possible extras, or sharing their friendship. I highlight the photographer and eventual extras who have been there for years and who almost always accompany and support me in the photographic incursions, sharing enthusiasm, exchange of ideas and knowledge. My congratulations to Da Chic Thief, for the excellent work he is doing on behalf of Graffiti and Urban Art and to whom I thank this invitation, which I received with a huge surprise.


And VIVA the Urban Art!

372 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios

Obtuvo 0 de 5 estrellas.
Aún no hay calificaciones

Agrega una calificación
bottom of page