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Desde os seus primeiros passos em 2007, VIRUS desenvolveu um estilo único e distinto, destacando-se com composições elaboradas e trabalhos coloridos e atraentes. Com uma mentalidade eclética e aberta, o writer procura constantemente novas formas e métodos para desenvolver o seu trabalho clean e bem desenhado.
Natural do Porto, o trabalho deste writer é uma mistura de bom gosto de ilustração, design gráfico e estilos de escrita.
Desde a escrita clássica do graffiti até as formas mais gráficas e abstratas, a sua obra é impressionante e bem colocada,não se encaixando nos formatos horizontais tradicionais das peças de graffiti.
Para as suas skills, a cor não é problema. De dois ou cem tons, as imagens que cria fazem jus a todas as cores que escolheu para criá-las. A escala também não assusta o meu convidado, seja ao nível do tamanho literal das obras como das proporções dos desenhos criados dentro delas.
Apesar da distância à Cidade Invicta não me ter permitido ficar a conhecer o grosso da sua obra, já tive oportunidade de fotografar 3 peças do writer na região da Grande Lisboa.
Depois de Deks, fiquem com mais uma entrevista com pronúncia do Norte.
De onde surgiu o teu tag?
Foi numa bela manhã de inverno, caminhava sobre prados de valquíria quando uma luz se ergueu do chão. Pensava ser um sonho, então pedi ao meu colega John que me beliscasse o braço. Não acordei. Decidi, então, esfregar um olho, mas a luz não desapareceu mesmo assim.
Foi aí que me apercebi que esta luz não era uma luz de discoteca ou outro possível entretenimento nocturno. (Podia ser também um encandeamento daqueles quando uma pessoa olha para o sol ou assim, sabes? Mas, neste caso, não era porque estava de noite) Esta luz mostrava o meu caminho!
Então, segui. Segui esta luz e quanto mais me aproximava mais ela fugia. Acelerei o passo, mais depressa, puxa mas parece uma monotonia. Quando dei por mim já quase corria, como quem corria para um autocarro que já tinha parado nesta avenida. É então que tropeço. Peço ajuda porquê se ninguém ouvia. A história repete-se em tom de prece ou melancolia. Tinha fodido o olho esquerdo e sujado uma roupa limpa.
Entretanto, levanta o dia e ainda me encontro estatelado, estúpido a olhar para o céu estrelado quando acho que vi luz. Confesso, estava pedrado. No entanto, sendo que tinha o olho esquerdo todo estragado, é aqui que nasce (eu acho) o Virus.
Tirando isto, não tenho grande história...
Tens formação em arte?
Não tenho formação, mas todos os dias aprendo algo novo.
Quando começou o teu interesse pelo graffiti e quais foram as tuas influências na altura?
O meu primeiro contacto com graffiti foi um tag de "FAT CREW" no Carvalhido, a caminho para a primária. Todos os dias olhava para ele e acredito que me terá posto um bichinho que, mais tarde, se tornou num monstro.
A minha primeira peça foi em 2006. As minhas principais referências eram, nessa altura, o "Send", o "Kayo", o "Deks" e o "Rawd".
Como era a cena no graffiti quando começaste?
Havia muita competição nas ruas, sendo que as redes sociais ainda não estavam em voga. O objectivo era bombar a cidade toda, ter as melhores peças nos melhores spots.
Posso dizer que havia muito mais movimento do que há hoje em dia no Porto, desde conexões a rivalidades ou mesmo de quantidade à qualidade.
Quais são as tuas crews?
A minha primeira crew foi "SWAT CREW", criada em 2009, onde representei ao lado do Agem, Brek, Ine, Rawd, Snek, Ked, Made, Certo, Phyz, Stone, Push e Yoga. Mantenho a minha parceria com o Alma a.k.a Contra, formada em 2013 e intitulada de "BROUS CREW". Em 2021, criei "NUIT CRU" a.k.a "Nu e Cru" juntamente com o Onk, Shar, Armes, Whose, Atmos, Emaf, Coue, Gone, Seka e Dub.
Quais são os teus spots / cidades preferidos?
Puorto, carago!!
Já pintaste fora do país?
Sim. Quer dizer, Cuba no Alentejo conta?
Como é o teu processo criativo e onde vais buscar as tuas inspirações?
Grande parte das minhas obras vem de sessões extensas a desenhar a carvão no bloco A4. Tenho vários blocos preenchidos com sketches terminados prontos a ser coloridos. Alguns viram a luz do dia, outros apenas serviram de experiência. Nem todos correm bem, é certo, mas o importante é dar espaço para as coisas acontecerem.
O objectivo será desenhar todos os dias, porque nunca sei se vai ser hoje o dia em que vou desenhar a obra da minha vida.
Wall of fame, Street bombing ou Train bombing?
Isto é como me perguntares se prefiro um Ferrari, um Lamborghini ou um Porshe. :) Opá, não posso dizer que tenha preferência de um sobre o outro. No entanto, onde posso explorar mais a fundo a minha pintura será o wall of fame.
Pintas com sketch ou freestyle?
Sketch, sempre.
O que toca na tua playlist quando pintas?
Vou meter aqui a lista de artistas mais random que provavelmente já viste juntos, mas aqui vai: Dilated Peoples; Anderson Paak; Marta Ren; Herman José; Willie Nelson; Bill Withers; Kool & the Gang; Parov Stelar; Emir Kusturica; The Specials e Daft Punk, entre outros.
Como descreves o panorama atual do graffiti em Portugal?
Há uma divisão clara entre o graffiti ilegal e a pintura mural. Na verdade, eu acredito que há muito mais semelhanças do que diferenças a debater entre os mesmos, mas, infelizmente, as diferenças acentuam-se.
Eu acredito que há espaço para toda a gente fazer o que quer e lhe apetece. No fundo, isso é o que o graffiti sempre quis dizer para mim. Fazer o que me apetece, com total liberdade e não seguir as regras do "como deve ser".
Que diferenças encontras entre o graffiti do Norte e o do resto do país?
Acredito que por ser um meio pequeno haja liberdade para cada um desenvolver a sua estética pessoal sem grande influência externa. A presença de um movimento graffiti muito forte como em Lisboa ou Olhão acaba por conduzir a mente dos writers.
No Porto, sendo que o núcleo duro do movimento graffiti é pequeno, existe uma liberdade para cada um seguir o seu próprio caminho, como podemos ver com "MyNameIsNotSem", "Mesk", "Caver" ou "Hazul" a definir novas formas de bombar na rua.
Qual é o teu top 3 de writers portugueses?
E de writers estrangeiros?
Roids, Zoerism e Marat Morik. Com quem gostarias de fazer uma peça conjunta?
Deephos. Estou à espera da chamada, boy!!
Quais são os teus planos / projetos futuros?
Conquistar o mundo e... acho que é isso! Qual é aquela peça que te falta fazer (pela complexidade, tamanho, local, …)?
A próxima!
Ah, e estou a juntar, há anos, assinaturas numa petição para ser entregue à NASA, porque o sonho do Fuse ainda pode ser real.
"Necessito a vossa ajuda, temos que tagar a lua!"
Tens alguma história que queiras partilhar?
Sim, várias. Bastantes até! Estão nos destaques da minha página de Instagram.
Props?
A ti pela iniciativa. A ti que teve a paciência de ler isto ao fim. E, por fim mas nunca em último, quem me acompanhou no meu trajecto até hoje, pois não seria nada sem eles! Holla!
Fotografias & vídeos / Photos & videos: VIRUS
ENG
Since its first steps in 2007, VIRUS has developed a unique and distinctive style, standing out with elaborate compositions and colorful eye-catching works. With an eclectic and open mindset, the writer is constantly looking for new ways and methods to develop his clean and well-designed work.
Born in Porto, this writer's work is a tasteful blend of illustration, graphic design and writing styles.
From classic graffiti writing to more graphic and abstract forms, his work is impressive and well placed, not fitting into the traditional horizontal formats of graffiti pieces.
For his skills, color is no problem. From two or a hundred shades, the images that he create do justice to all the colors he chose to create them. The scale also does not scare my guest, either in terms of the literal size of the works or the proportions of the drawings created within them.
Although the distance to Cidade Invicta did not allow me to get to know the bulk of his work, I already had the opportunity to photograph 3 pieces of the writer in the Greater Lisbon region. After Deks, get another interview with Northern pronunciation.
Where did your tag come from?
It was a beautiful winter morning, walking through valkyrie meadows, when a light rose from the ground. I thought it was a dream, so I asked my colleague John to pinch my arm. I didn't wake up. So I decided to rub one eye, but the light still didn't go away.
That's when I realized that this light wasn't a disco light or other possible nighttime entertainment. (It could also be a glare like that when a person looks at the sun or something, you know? But in this case, it wasn't because it was night) This light showed my way!
So I followed. I followed this light and the closer I got the more it fled. I picked up my pace, faster, pulling but it seems monotonous. When I realized I was almost running, like someone running for a bus that had already stopped on this avenue. That's when I stumble. I ask for help because no one was listening. History repeats itself in a tone of prayer or melancholy. He'd fucked his left eye and soiled a clean outfit.
However, the day rises and I still find myself sprawled, stupid looking at the starry sky when I think I saw light. I confess, I was stoned. However, since his left eye was all damaged, this is where he is born (I think) Virus.
Other than that, I don't have much of a story...
Do you have art training?
I have no training, but every day I learn something new.
When did your interest in graffiti begin and what were your influences at the time?
My first contact with graffiti was a "FAT CREW" tag at Carvalhido, on my way to primary school. Every day I looked at him and I believe he gave me a little animal that later became a monster.
My first piece was in 2006. My main references at that time were "Send", "Kayo", "Deks" and "Rawd".
What was the graffiti scene like when you started?
There was a lot of competition on the streets, and social media was not yet in vogue. The objective was to bomb the whole city, to have the best pieces in the best spots. I can say that there was much more movement than there is today in Porto, from connections to rivalries or even from quantity to quality.
What are your crews?
My first crew was "SWAT CREW", created in 2009, where I represented alongside Agem, Brek, Ine, Rawd, Snek, Ked, Made, Certo, Phyz, Stone, Push and Yoga. I maintain my partnership with Alma a.k.a Contra, formed in 2013 and entitled "BROUS CREW". In 2021, I created "NUIT CRU" a.k.a "Nu e Cru" together with Onk, Shar, Armes, Whose, Atmos, Emaf, Coue, Gone, Seka and Dub.
What are your favorite spots / cities?
Puorto, Carago!!
Have you ever painted abroad?
Yes. I mean, does Cuba in Alentejo count?
How is your creative process and where do you get your inspirations?
Most of my works come from extensive sessions of drawing in charcoal in the A4 block. I have several blocks filled with finished sketches ready to be colored. Some saw the light of day, others were just an experiment. Not everyone goes well, of course, but the important thing is to give space for things to happen.
The goal will be to draw every day, because I never know if today will be the day I'm going to draw my life's work.
Wall of fame, Street bombing or Train bombing?
This is like asking me if I prefer a Ferrari, a Lamborghini or a Porsche. :) I can't say that I have a preference for one over the other. However, where I can explore my painting further will be the wall of fame.
Do you paint with sketch or freestyle?
Sketch, always.
What plays on your playlist when you paint?
I'm going to put here the list of the most random artists you've probably seen together, but here goes: Dilated Peoples; Anderson Paak; Martha Ren; Herman Jose; Willie Nelson; Bill Withers; Kool & the Gang; Stellar Parov; Emir Kusturica; The Specials and Daft Punk, among others.
How do you describe the current situation of graffiti in Portugal?
There is a clear division between illegal graffiti and mural painting. In fact, I believe that there are many more similarities than differences to be discussed between them, but unfortunately, the differences are accentuated.
I believe that there is room for everyone to do what they want and feel like. Deep down, this is what graffiti has always meant to me. Do what I want, with total freedom and not follow the rules of "as it should be".
What differences do you find between the graffiti of the North and the rest of the country?
I believe that because it is a small medium, there is freedom for each one to develop their personal aesthetics without great external influence. The presence of a very strong graffiti movement as in Lisbon or Olhão ends up driving the writers' minds.
In Porto, given that the hard core of the graffiti movement is small, there is freedom for everyone to follow their own path, as we can see with "MyNameIsNotSem", "Mesk", "Caver" or "Hazul" defining new forms of bomb in the street.
What is your top 3 of Portuguese writers?
And from foreign writers?
Roids, Zoerism and Marat Morik.
Who would you like to do a joint work with?
Deephos. I'm waiting for the call, boy!!
What are your future plans/projects?
Conquer the world and... I think that's it!
What is that piece you need to make (due to complexity, size, location, …)?
The next!
Oh, and I've been gathering signatures for years on a petition to be delivered to NASA, because Fuse's dream could still be real.
"I need your help, we have to tag the moon!"
Do you have a story you want to share?
Yes, a lot. Enough even! They are in the highlights of my Instagram page.
Greetings / Thanks?
To you for the initiative. To you who had the patience to read this to the end. And, last but never last, who accompanied me on my journey until today, because it would be nothing without them! Holla!
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